No dia 26 de julho comemoramos o Dia dos Avós. Sempre importantes no contexto familiar, a imagem dos avós vem mudando nos últimos tempos: trabalham, praticam esportes, viajam, namoram e participam da vida dos netos de forma mais intensa.
Segundo matéria publicada pelo G1, a especialista em inteligência relacional Thirza Reis usa o termo "avoternidade" para nomear a "nova relação familiar entre os avós e netos", onde há "uma ressignificação do amor, trazendo segurança, apoio e ensinamentos que somente os mais velhos podem oferecer aos pequenos da família." Concordo com o papel desempenhado pelos avós e com a importância deles, até hoje ainda me ressinto de não ter convivido com nenhum deles e me aproprio das memórias dos meus irmãos para preencher essa lacuna. Mas discordo da "nova relação", não há "ressignificação do amor", nem "nova relação familiar entre avós e netos". O amor, o apoio, o acolhimento e os ensinamentos sempre existiram, basta ouvir os adultos rememorando, com afeto e saudade, a experiência de convívio com seus avós, seja em que tempo for.
Minhas lembranças emprestadas e algumas fotos resgatadas:
Avós paternos: José e Maria José. Foto do avô; da avó, nenhuma informação ou foto, morreu cedo deixando 04 filhos. Foi substituída por Alice, cuja maior façanha foram os 22 filhos, entre eles natimortos ou mortos ainda bebês, sem que isso prejudicasse a sua intensa vida social. Obs. não é uma cicatriz na testa do avô, foi uma barbeiragem ao tentar tirar a foto do álbum.
Avós maternos: Oscar e Andrelina (Zizinha), na foto com a neta Margarida, minha irmã. Desse avô guardo a frase ouvida da minha mãe, extremamente cética em relação a todos: "minha filha, se não confiarmos nos homens, vamos confiar em quem?" Da Vó Zizinha, suspeito que deprimida, sei apenas que não gostava de sair e tinha mania de limpeza. Quem acompanhava meu avô, nas idas ao teatro ou cinema, era minha mãe.
Mas a figura mais importante desse quadro avoengo é a bisavó Isabel. Filha única, minha avó sempre a teve consigo e era ela quem comandava a casa. Excelente cozinheira, era a responsável pelas inúmeras refeições do dia, inclusive a ceia noturna, costume que minha mãe manteve. A bisa viveu em nossa casa até o dia que resolveu não levantar da cama, sem alarde e sozinha, morreu dormindo aos 81 anos. Era uma figura ímpar, até hoje rimos da sua mania de beber todos os líquidos extremamente quentes, sempre ao lado do fogão, na mesa já não estariam na temperatura ideal.
Como não tenho fotos com avós, coloco uma com os meus netos.
Nadia Freire
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