O prefeito Joaquim Neto se antecipou à reunião marcada pelo Núcleo Regional de Saúde Nordeste e já soltou nota anunciando lockdown em Alagoinhas a partir da terça-feira (30), durante sete dias. Na minha opinião, não é uma estratégia que trará resultados, nem em Alagoinhas, nem nos outros municípios da região nordeste.
A estratégia lockdown é fechar tudo, exceto farmácias e supermercados, e instituir multas para os que descumprirem o decreto, com policiamento ostensivo nas ruas. No papel é interessante, mas na prática de difícil implementação e absolutamente inócua se for apenas por sete dias. A Itália, primeiro país europeu a confinar toda a sua população, permanece traumatizada após cinquenta e seis (56) dias de confinamento, com uma economia debilitada e um grande número de vítimas. Na Espanha, foram necessários três meses de confinamento, sob ameaça de multa de 600 euros (cerca de R$ 3.400) e rigoroso policiamento.
O caso mais bem-sucedido, no entanto, é o da Nova Zelândia, país com cerca de 5 milhões de habitantes, em que o lockdown foi decretado logo no início e permaneceu por 75 dias, acabando com 1.504 casos confirmados e 22 mortes. Para a comunidade científica, a Nova Zelândia eliminou o novo coronavírus de seu território. Mas lá, além do lockdown, outras ações foram fundamentais: proatividade do governo em ir atrás dos casos, e não esperar que chegassem até o hospital; a capacidade de rastreamento de contatos; uso de aplicativo instalado voluntariamente por cerca de 500 mil, com um sistema de QR Codes que registra onde você esteve em determinado horário, criando um diário privado, armazenado no seu smartphone que pode ser usado no rastreamento de contatos;testes, muitos testes, é um dos países com o maior número de testes per capita, com 59.155 testes por milhão de habitantes, com cerca de 300 mil testes.
Lockdown aqui é pular etapas, seja proposto por quem for
A que conclusão cheguei? Considero uma precipitação um lockdown sem a garantia da eficiência na fiscalização. Em Alagoinhas, as barreiras sanitárias não funcionaram, assim como não funcionou o toque de recolher e isso não por falta de gestão ou competência, mas porque não houve adesão popular. O uso das máscaras foi melhor assumido porque os comerciantes aderiram e passaram a exigi-la para acesso aos estabelecimentos; o mesmo em relação ao controle de pessoas na entrada. Mas as filas, sejam em portas de lojas ou nas lotéricas, continuam sem observar o devido distanciamento. O transporte público ainda não teve solução. Sem falar nos bairros periféricos, onde a pandemia parece não existir. Há muito a ser feito. Inclusive com campanhas educativas envolvendo diversos setores da sociedade. A desinformação é grande, a confusão também e a criação de UTIs é impossível pela dificuldade em encontrar profissionais especializados disponíveis para trabalhar nesse setor. Por tudo isso é preciso pensar muito, avaliar todos os passos para não perder mais tempo e dinheiro.
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