
Quatro projetos de iniciação científica desenvolvidos por estudantes do Colégio Estadual de Tempo Integral Nelson Maia, em Ponto Novo, tiveram seus trabalhos credenciados para exposições em festivais de ciências no México e Colômbia, em 2026. O reconhecimento fez parte do destaque das exposições, no último mês de setembro, no Sudamericano de Ciencias y Tecnología, realizado no Paraguai.
Entre os trabalhos, estão selecionados para a Rota Científica Latino Americano, no México, “Jogo de dentro, jogo de fora”, das alunas Alessandra dos Santos e Raquel de Jesus, com orientação de Noêmia Cruz, inspirado no bloco afro Ilê Ayê, com foco no protagonismo da juventude negra.
“A iniciativa foi desenvolvida a partir do documentário que a professora Noêmia nos apresentou no ano passado, que era sobre os 50 anos do Ilê Aiyê. Por isso, o objetivo foi valorizar a negritude, os jovens negros e mostrar o empoderamento, a beleza e exaltar a história”, explicou Raquel.
O jogo de tabuleiro possui 50 cartas que destacam personalidades negras de relevância histórica, artística ou social, a exemplo de Vovô do Ilê e Mãe Hilda Jitolu. Por meio de elementos visuais e simbólicos, como búzios e expressões afro-brasileiras, o participante avança sempre que acerta uma pergunta ou desafio.
Já os estudantes Gustavo Maia e Nayanna Santos, desenvolveram o projeto “Purificaê”, sob orientação dos professores Diego Palmeira e Luana Moura. A ação combina saberes populares da Caatinga com métodos científicos, resultando em sabonete artesanal sustentável à base de plantas medicinais e argila local.
“Com um produto que possui propriedades antissépticas, cicatrizantes, hidratantes e antiacne, queremos mostrar que os recursos locais podem gerar soluções sustentáveis e acessíveis para o cuidado da pele”, contou Gustavo.
Outro trabalho é o “Medicina ancestral na tradição viva do Sertão da Bahia”, conduzido por Maria Eduarda Cerqueira e Natanael Araújo, orientados pela professora Luana Moura. O estudo investigou a base científica de práticas medicinais tradicionais do Território Piemonte do Itapicuru, promovendo diálogo entre ciência e cultura regional.
“O projeto nasceu da vontade de valorizar e preservar os saberes tradicionais do povo sertanejo, para mostrar que a medicina ancestral é ciência, e que esses saberes merecem respeito e reconhecimento”, destacou Maria Eduarda.
Na área de Literatura, os estudantes Ana Clara e Mário Cléber conquistaram o segundo lugar, no Paraguai, com o projeto “Propostas decoloniais no ensino de literatura na escola”, orientados pela professora Raquel Cardoso. A iniciativa foi selecionada para a Feria Internacional de Ciencia, Tecnología e Innovación (FICTIMC), na Colômbia.
“A busca é trazer o estudo que não tivemos ao longo de nossas vidas, voltada para as origens. É trazer a literatura negra e indígena para dentro da sala de aula”, afirmou Mário Cleber.
Incentivo
A experiência dos estudantes no Paraguai fez parte do Edital nº 23/2024, lançado pela Secretaria da Educação do Estado (SEC) para financiar a participação em eventos nacionais e internacionais das produções estudantis desenvolvidas dentro dos projetos estruturantes de iniciação científica e de tecnologias. Estão inclusos, entre os benefícios para os projetos selecionados no edital, custo para passagens, hospedagens, alimentação e inscrição no evento.
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