O governo estadual vai direcionar, em quatro anos, mais de R$ 3,5 bilhões para fortalecer a agricultura familiar, assegurando que agricultores possam cultivar e produzir alimentos de alta qualidade de maneira sustentável.
A Bahia destaca-se como um dos estados do país a possuir uma Política Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica (PEAPO), aprovada em maio de 2023, com o objetivo de estimular o desenvolvimento sustentável e a melhor qualidade de vida das populações nas cidades e no campo, por meio da oferta e consumo de alimentos saudáveis. No Nordeste, além da Bahia, possuem PEAPO os estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Sergipe.
Segundo Mazinho Carneiro, superintendente de Agricultura Familiar da Bahia, diversos programas de incentivo estão disponíveis para apoiar os agricultores. Estes programas incluem iniciativas como o projeto Parceiros da Mata, Sertão Produtivo, Bahia Produtiva, Viva Horta, Agroindústria Familiar e a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), voltada para Mulheres, Agroecologia, Povos e Comunidades Tradicionais.
As principais maneiras de contribuir para um aumento na produção orgânica se dão pelo apoio na organização de mercados institucionais, a oferta de assistência técnica especializada e o incentivo à produção.
Por meio desses incentivos, a produção orgânica no estado obteve um aumento de 30% em 2020, comparada aos anos anteriores, de acordo com o superintendente de Agricultura Familiar.
Paula Ferreira, produtora orgânica que faz parte da Rede de Agroecologia Povos da Mata, fala que é importante para um produtor ter a certificação e garantir ao consumidor a qualidade do seu produto. Para isso, é necessário que seja certificado por algum órgão de controle. A Bahia tem 5,6% dos agricultores certificados com produção orgânica. Somente a Rede de Agroecologia Povos da Mata possui 1.111 agricultores certificados, 24 agroindústrias, 12 feiras de produtos orgânicos e dois entrepostos.
Por meio do fornecimento de produtos orgânicos pelos produtores para empresas, há uma maior distribuição no mercado. Moisés Santana, proprietário da Porã Orgânicos, empresa de entrega de alimentos orgânicos há 5 anos em Salvador, enfatiza a importância da cadeia de produção, que vai desde o produtor até a casa do consumidor.
“Nós não somos produtores, mas conectamos a zona rural com a zona urbana. O produtor tem o produto, com dificuldade muitas vezes em vender em feiras públicas de suas regiões. Então tinha uma demanda dessa aqui em Salvador e nós fazemos essa conexão”, relata Moisés.
Ele destaca que a Porã não apenas facilita a venda de produtos orgânicos, mas também promove a troca de experiências entre os produtores, fortalecendo a comunidade de produtores orgânicos. A empresa participa de uma rede compartilhada em que os produtores trazem seus produtos até o empreendimento e incentiva mais pessoas a venderem produtos orgânicos.
“Fazemos visitas periódicas aos produtores. É muito mais do que solicitar demandas, a gente acaba tendo uma conexão e aproximação entre os parceiros. É mais uma conversa mais saudável, procurando entender como andam as produções, novos testes, o que dá naquela região. Nós acabamos também conectando alguns produtores e a troca de experiências também acontece, acaba se fortalecendo”, fala Moisés.
Segurança alimentar
O consumo de produtos orgânicos tem sido amplamente recomendado por profissionais da saúde devido aos inúmeros benefícios que oferecem em relação aos alimentos convencionais. A nutricionista clínica e esportiva Luana Miranda ressalta que os alimentos orgânicos são produzidos sem o uso de agrotóxicos, fertilizantes, transgênicos e hormônios, o que os torna uma escolha mais saudável.
“Ao optar por produtos orgânicos, evitamos a exposição a resíduos químicos prejudiciais à saúde, preservando a composição nutricional dos alimentos. Além disso, eles tendem a conter maiores quantidades de minerais, vitaminas e compostos bioativos, proporcionando um sabor mais pronunciado e uma maior durabilidade”, destaca Luana.
Mazinho Carneiro destaca a importância da produção de alimentos orgânicos não apenas para a saúde individual, mas também para o bem-estar coletivo e a sustentabilidade ambiental. Em um cenário de mudanças climáticas e escassez de recursos hídricos, a produção de orgânicos assume um papel crucial. Ele ressalta que, especialmente no Brasil, onde muitas pessoas ainda sofrem com a fome, é responsabilidade das instâncias governamentais estimular políticas públicas que abordem soluções para esses problemas socioambientais.
“A produção orgânica fornece alimentos mais nutritivos e seguros, desempenhando papel crucial na promoção de uma dieta mais balanceada e saudável. Ademais, vale lembrar que ao optarmos por esses alimentos, ajudam a proteger o meio ambiente, preservando os recursos naturais e promover a biodiversidade, em um ciclo que sempre retorna para nós em forma de saúde, já que é da natureza onde extraímos os alimentos que colocamos à mesa, contribuindo assim para um sistema alimentar totalmente sustentável” complementa Luana Miranda.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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