Pelo menos 17 palestinos foram mortos e outros 69 ficaram feridos durante a terça-feira (15) em decorrência dos ataques aéreos israelenses que atingem a Faixa de Gaza, segundo informou o Ministério da Saúde do território. As ações fazem parte da ofensiva militar de Israel que, de acordo com os dados oficiais, deixou um total de 51 mil mortos e mais de 116 mil feridos desde 7 de outubro de 2023.
As informações foram inicialmente divulgadas pela rede Al Mayadeen, com base em agências de notícias e nos relatos de equipes da Defesa Civil Palestina. Segundo a reportagem, aviões de guerra israelenses bombardearam tendas que abrigavam civis deslocados no Estádio Yarmouk, no centro da Cidade de Gaza, provocando a morte de duas pessoas e ferindo outras sete.
“Nossas equipes responderam a pedidos de socorro urgentes do Estádio Yarmouk, onde centenas de deslocados estão se abrigando”, informou a Defesa Civil em comunicado. O estádio havia sido transformado em refúgio provisório para famílias que fugiram de bombardeios anteriores.
Ainda na Cidade de Gaza, um ataque aéreo próximo ao cruzamento de al-Saraya matou dois palestinos e feriu vários outros. Na região oeste, outras pessoas ficaram feridas após um drone atingir a Rua Abu Hasira.
Em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, novas ofensivas foram registradas. Tendas de civis na área de Al-Mawasi foram alvo de ataques aéreos que mataram duas pessoas e feriram várias outras. Próximo ao complexo Asdaa City, também em Khan Younis, a Defesa Civil resgatou três feridos e retirou dois corpos após mais um bombardeio.
Já em Rafah, no extremo sul, forças israelenses demoliram vários edifícios residenciais, numa ação semelhante à que ocorreu no leste da Cidade de Gaza, onde casas civis também foram destruídas.
A escalada de violência coincide com uma deterioração grave da situação humanitária no território. Em entrevista à agência turca Anadolu durante o Fórum de Diplomacia de Antália, o diretor da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, afirmou que Gaza vive uma crise sem precedentes. “Não há absolutamente nenhum lugar seguro e as pessoas estão constantemente em movimento, sob ordens de evacuação”, declarou.
Segundo ele, a população civil enfrenta não apenas os bombardeios, mas também a fome, doenças e “uma condição de vida extraordinária e até mesmo imunda”. Lazzarini denunciou que “não há mais ajuda humanitária para ser distribuída” e que a travessia de entrada de suprimentos está bloqueada há um mês. “A assistência dentro da Faixa de Gaza está quase completamente esgotada agora”, afirmou.
Enquanto a ofensiva prossegue em Gaza, a Cisjordânia também é alvo de ações militares israelenses. No campo de Jalazone, ao norte de Ramallah, o jovem Malek Ali al-Hattab, de 19 anos, foi morto após ser baleado por forças israelenses durante uma incursão. Em Nablus, militares invadiram uma residência na Rua Tal Gharb, atiraram contra um jovem e o prenderam. Já em Ariha, as forças de ocupação continuam bloqueando as entradas da cidade, restringindo a circulação de civis.
A ofensiva militar israelense, que já deslocou mais de 1,9 milhão de palestinos, tem sido alvo de crescentes denúncias internacionais por violações dos direitos humanos e ataques deliberados contra civis.
Em meio à destruição, à fome e ao desespero, a Faixa de Gaza clama por socorro internacional. “A situação já era infernal antes do fim do cessar-fogo”, lembrou Lazzarini. “Agora, chegou ao fundo do poço.”
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