O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (16), trouxe uma nova revisão nas expectativas econômicas do mercado financeiro. A projeção para a taxa Selic no final de 2025 subiu de 13,50% para 14%, marcando a quinta revisão consecutiva. A mudança ocorre após o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual na última reunião, sinalizando novas altas na mesma magnitude.
O cenário reflete o impacto das incertezas fiscais no Brasil, com dificuldades do governo em aprovar o pacote fiscal no Congresso devido à complexidade das negociações envolvendo emendas parlamentares.
Além da Selic, a projeção para a inflação (IPCA) de 2024 aumentou de 4,84% para 4,89%, registrando a terceira alta consecutiva. Para 2025, a expectativa subiu pela nona semana seguida, de 4,59% para 4,60%, enquanto a projeção para 2026 se manteve em 4%. Esses números apontam para um cenário de inflação acima da meta nos próximos anos.
Em relação ao PIB, o mercado ajustou para cima a projeção de crescimento em 2024, de 3,39% para 3,42%, e para 2025, de 2% para 2,01%. Para 2026, a expectativa de crescimento permaneceu estável em 2%, marcando a 71ª semana consecutiva sem alterações.
No mercado de câmbio, a projeção para o dólar em 2024 subiu de R$ 5,95 para R$ 5,99, com a moeda norte-americana operando acima de R$ 6 desde o anúncio do pacote fiscal e da proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Para 2025, a previsão subiu de R$ 5,77 para R$ 5,85.
As revisões nas projeções de juros e inflação estão diretamente relacionadas à deterioração do quadro fiscal, segundo analistas. A dificuldade em aprovar o pacote de ajuste no Congresso e a piora das percepções de risco levaram o mercado a ajustar as expectativas.
Economistas destacam que o aumento da taxa Selic deve manter os custos do crédito elevados, impactando diretamente o consumo e os investimentos. Além disso, a inflação persistente acima da meta reforça a necessidade de maior controle fiscal para evitar uma escalada de preços.
Com a sinalização de mais altas na Selic nas próximas reuniões do Copom, o mercado se prepara para um cenário de juros elevados por mais tempo, o que pode retardar a recuperação econômica e manter o dólar valorizado frente ao real.
Enquanto os ajustes nas projeções destacam os desafios econômicos do país, especialistas alertam que a efetividade do pacote fiscal e a execução das reformas estruturais serão cruciais para alterar as expectativas de longo prazo. O mercado segue atento às movimentações políticas e econômicas que podem redefinir o panorama para 2024 e 2025.
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