Longe de serem apenas números ou cargos na estrutura do serviço público, alguns funcionários públicos cultivam, entre uma tarefa e outra, o hábito da escrita. No Dia do Escritor, celebrado em 25 de julho, a Secretaria da Administração destaca a contribuição de servidores que, além de contribuírem para o funcionamento da máquina pública, encontram na literatura uma forma de expressão, resistência e sensibilidade. Suas trajetórias revelam que, mesmo entre ofícios técnicos e rotinas administrativas, ainda há espaço para a arte florescer.
Dani Luz
"Vejo a escrita como meu grito de liberdade para tudo. É onde eu me conecto comigo mesma e com o que realmente acredito". Essas são as palavras da servidora Daniela Luz, de nome artístico, Dani Luz, que atua no SAC do Shopping Barra, na Corregedoria Geral da Justiça, é advogada, romancista e poetisa. E o chamado da escritora veio cedo: aos onze anos já colecionava cadernos repletos de poesias.
Dani já tem quatro livros físicos publicados: As cerejeiras do Japão, O Pouso do Andarilho, O Dedo de Deus, e A Reencarnação. A servidora tem como foco o amor, o altruísmo e a superação.
Ela explica como isso afeta diretamente a sua atuação no serviço público. "Minhas estórias falam de seres humanos que crescem e se transformam pelo amor que sentem um pelos outros. No serviço público, especialmente no cartório, tento aplicar esta sensibilidade no atendimento às pessoas. Crio empatia com o cidadão através da escuta, da paciência e do olhar humano, é quase como continuar escrevendo, só que ali com gestos e presença", explica.
A escritora também tem obras disponibilizadas em plataformas online como: Inimiga de Infância; Cinderela Apaixonada; Amor em Tempos de Guerra; Senhor de Mim; Céu de Esperas, dentre outras.
Para ela, a escrita é, sobretudo, uma forma única de conectar as pessoas e um chamado ao qual ela está sempre disposta a atender. "As estórias tem esse poder de despertar, inspirar e curar. Escrever é me reencontrar e ao mesmo tempo permitir que outras pessoas também se reencontrem. Muitas vezes escrevo à noite, no silêncio, quando a alma fala mais alto. O tempo criativo pode até não obedecer a relógios, mas quando ele, chama eu escuto. E sempre dou um jeito de responder a esse chamado. Eu amo escrever", concluí.
Josevan Dutra
"É oportuno refletir sobre o poder da palavra escrita, como ela pode transformar vidas, transmitir conhecimento e emocionar". Há 12 anos no serviço público do estado, Josevan Dutra considera a escrita como uma ferramenta fundamental na comunicação, seja ela através de documentos oficiais, relatórios, ou reuniões de trabalho. Em seu íntimo, a escrita é tida como uma maneira de suavizar a sua existência, de amplificar a sua forma de enxergar o mundo e concatenar ideias.
Atualmente, o servidor está lotado na Assessoria de Planejamento e Gestão, da Secretaria da Administração, é graduado em filosofia, especialista em educação popular e mestre em geografia.
Autor do romance Plácido Encantado, obra publicada em 2024 pela editora Empresa Gráfica da Bahia (EGBA), Josevan também produz periódicos científicos, contos, crônicas e poesias. O primeiro livro do servidor apresenta uma narrativa fictícia e traz elementos do folclore brasileiro e manifestações da cultura popular como crenças religiosas, cantigas de roda, festas populares e lendas.
Para Josevan, o Dia do Escritor é uma data que valoriza o trabalho de pessoas que dedicam suas vidas e trilham o caminho desafiador da escrita. "É um momento de celebrar, mas, é oportuno refletir sobre o poder da palavra escrita, como ela pode transformar vidas, transmitir conhecimento e emocionar. Além de compreender a importância e a necessidade de incentivo à leitura", contextualiza.
Rosane Jovelino
"Que minhas obras sejam reconhecidas como caminhos abertos para que outras mulheres negras, quilombolas e periféricas se enxerguem, se reconheçam e saibam que suas histórias também importam". Com delicadeza e contundência, Rosane Viana Jovelino escreve como quem costura o tempo com palavras ancestrais. Ela é formada em administração financeira e especialista em gestão estratégica pública. Atualmente está lotada na Superintendência da Previdência da Secretaria da Administração e concilia duas missões: aprimorar processos que impactam a vida de outros servidores e manter viva a memória do seu povo por meio da poesia, que para ela é um gesto de resistência e afeto.
Rosane é autora do livro Patuá, lançado em 2019, obra que reúne poemas que transitam entre resistência, cotidiano quilombola, ancestralidade, natureza e espiritualidade. Além disso, Rosane Jovelino também participou da obra Aqualtune: Um Sonho Chamado Liberdade – Saga Afro-Brasileira, Quilombola e Indígena I, organizada por Sara Messias, do coletivo poético O Livro Negro dos Sentidos, que reúne poesias eróticas de autoras negras do Brasil, e do Almanaque Pedagógico Quilombola, que documenta experiências educativas do Vale do Iguape. Com contribuições também em revistas nacionais e internacionais com foco na valorização das comunidades quilombolas.
A servidora descobriu a escrita ainda na infância, através do incentivo dos pais, que são ativistas. Desde então, seu verbo pulsa como território de pertencimento, denúncia, sensibilidade e sobrevivência. "Escrevo porque acredito que nossas histórias precisam ser contadas por nós mesmas, com nossa linguagem, nosso tempo e nossas referências. Escrever, para mim, é mais que palavra: é um ato político de sobrevivência e afirmação", finaliza.
Fonte
Ascom/Saeb
Mín. 16° Máx. 28°