Internado há 15 dias no hospital DF Star, em Brasília, após ser submetido a sua sexta cirurgia, Jair Bolsonaro protagoniza um reality show improvisado que, segundo o jornalista Ricardo Noblat, em artigo publicado no portal Metrópoles, amarga baixos índices de audiência nas redes sociais e revela o isolamento crescente do ex-presidente. A tentativa de comover apoiadores com vídeos, fotos de cicatrizes e ataques à Justiça, segundo Noblat, resultou em "um espetáculo macabro" que não mobiliza nem a própria base bolsonarista.
Em seu texto, Noblat faz uma comparação com o antigo programa de auditório "Você faz o Show", sucesso da televisão pernambucana nos anos 1960. Naquela época, grandes nomes da música brasileira como Elis Regina e Roberto Carlos se apresentavam ao vivo, com audiência cativa. No entanto, o "reality" de Bolsonaro, transmitido diretamente de um quarto de hospital promovido à condição de UTI, não diverte nem emociona. "O machão 'imbrochável, incomível e imorrível' não está à beira da morte, como faz parecer", ironiza o jornalista.
Noblat afirma ainda que o objetivo do ex-presidente é "comover e insuflar" seus apoiadores numa tentativa desesperada de manter viva a esperança de uma ressurreição política. Contudo, o efeito tem sido o oposto: Bolsonaro, acuado pelo risco de condenação e prisão pelo Supremo Tribunal Federal, ruma para o esquecimento. Para o jornalista, o ex-presidente agora se vê sem saídas: poderá tentar fugir, ser preso ou aguardar por uma anistia que dificilmente virá, enquanto sonha com uma revolta popular improvável.
A encenação, segundo Noblat, expõe não apenas a deterioração da imagem pública de Bolsonaro, mas também sua perda de relevância no cenário político nacional. "Bolsonaro esperneia na maca pela piedade dos brasileiros e contra a irrelevância e o esquecimento", conclui o jornalista.
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