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México, Canadá, UE e China: entenda por que ‘tarifaço’ de Trump não chegou ao Brasil

País responde por apenas 1,3% das importações norte-pis/pasepamericanas, muito distante dos principais parceiros comerciais dos EUA. Especialistas afirmam, contudo, que os brasileiros não estão livres do risco de taxação no futuro.

05/02/2025 às 13h04
Por: Redação Fonte: G1
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Getty Images/ Win McNamee
Getty Images/ Win McNamee

A guerra tarifária desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra seus principais parceiros comerciais está gerando preocupações sobre qual país será o próximo alvo das sanções. Nas últimas semanas, o governo norte-americano impôs novas tarifas a México, Canadá e China, elevando a tensão no comércio global.

Ele anunciou tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México e um adicional de 10% àquelas já em vigor sobre produtos chineses. Do total de US$ 3 trilhões importados até novembro de 2024, esses três países representam mais de 40% das compras dos EUA.

E Trump já sinalizou que seu próximo alvo será a União Europeia (UE), de onde importaram mais US$ 555 bilhões no mesmo período.

Nos últimos dois dias, México e Canadá anunciaram acordos com os EUA para suspender as tarifas por um mês. A China, por sua vez, dobrou a aposta e anunciou taxas de 10% a 15% contra os norte-americanos, enquanto representantes da UE chamaram Trump para conversas.

No Brasil, os setores exportadores do país se preocupam com medidas tarifárias, afinal os norte-americanos são o segundo maior comprador de produtos brasileiros, com mais de US$ 38 bilhões até novembro de 2024.

O país, no entanto, representa pouco mais que 1% das importações dos EUA. O que significa que, ainda que Trump tenha dito que o Brasil "cobra muito" de seus parceiros comerciais, estamos longe de ser prioridade do comércio exterior norte-americano.

Mesmo assim, especialistas consultados pelo g1 afirmam que o Brasil ainda corre riscos de ser afetado por essas tarifas. Saiba abaixo o porquê.

O Brasil pode entrar na mira de Trump?

 

A imposição de tarifas é uma ameaça antiga do republicano para favorecer os EUA e, para especialistas, o Brasil ainda corre alguns riscos de sofrer com taxas maiores.

Há temores, por exemplo, de que uma tarifa universal seja implementada. A ideia foi ventilada no final de janeiro pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, segundo o jornal britânico "Financial Times".

 

A ideia é que essa taxa começasse em 2,5% e crescesse gradativamente ao longo dos próximos meses, dando tempo para que a indústria se adaptasse e os países pudessem negociar com o governo Trump.

 

“Essa tarifa universal afetaria o mundo inteiro. E isso ainda poderia trazer um efeito na inflação e nos juros dos EUA, trazendo um fortalecimento do dólar”, explica Welber Barral, ex-secretário do comércio exterior e sócio-fundador da BMJ Consultores Associados.

 

Além disso, especialistas apontam o risco de o presidente norte-americano fazer ameaças mais pontuais para conseguir objetivos específicos. Como mostrou o g1 em dezembro, essa é uma estratégia antiga e conhecida do republicano para tentar vantagens em negociações bilaterais.

 

“Quando olhamos para o passado, vemos muita pressão de diversos setores, especialmente o siderúrgico, que produz um dos principais produtos importados pelos EUA”, diz Lia Valls, pesquisadora associada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

 

“Portanto, aceitar alguma demanda de um setor específico pode ser uma das motivações de Trump para impor taxas e tentar alguma negociação”, completa.

Os especialistas reforçam, no entanto, que o Brasil não tende a estar na lista de prioridades de Trump na imposição de um “tarifaço”. A quantidade de produtos importados do Brasil pelos EUA é bem pequena em comparação com outros parceiros comerciais da maior economia do mundo.

Os últimos dados do Departamento de Comércio norte-americano indicam que o volume de importações do Brasil pelos EUA somou US$ 38,5 bilhões (aproximadamente R$ 225,9 bilhões) no ano passado até novembro. Esse valor representa apenas 1,3% do total de importações do país.

De acordo com especialistas, Trump tem demonstrado motivações variadas para impor tarifas, muitas delas visando negociações mais vantajosas para os EUA ou garantindo que outros países se mantenham leais aos norte-americanos.

“Ficou claro que Trump vai usar da ameaça de tarifas para atingir objetivos comerciais e não comerciais. Isso aconteceu com o México e com o Canadá, por exemplo. Todos eles tiveram a ameaça da tarifa e conseguiram um prazo para negociar”, diz Barral.

Na segunda-feira (3), os acordos com os EUA para suspender as tarifas só saíram em troca de que ambos os países se comprometessem a aumentar a segurança e a fiscalização sobre o que passa por suas fronteiras, uma das principais preocupações do eleitorado de Trump.

 

O Brasil pode sofrer algum impacto econômico?

 

De acordo com especialistas consultados pelo g1, mesmo que o Brasil não seja diretamente taxado por Trump, o país ainda deve sofrer os efeitos econômicos globais que esse “tarifaço” pode trazer.

Primeiro, a agenda protecionista do republicano, somada à imposição de tarifas, pode aumentar a inflação nos EUA. Se isso acontecer, o Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, pode aumentar as taxas de juros para controlar os preços, e assim impulsionar o dólar.

 

O dólar mais alto tende a pressionar a inflação no Brasil, o que também pode levar a juros mais altos por aqui.

 

“Com esse vaivém e com as ameaças, Trump acaba paralisando o mundo, tanto nas operações de comércio quanto nas decisões de investimento. O futuro é incerto e isso também causa uma deterioração das expectativas”, diz Valls.

 

Além disso, há efeitos mais difíceis de serem mensurados, como a possibilidade de mais produtos chineses (a preços baixíssimos) sendo vendidos globalmente e os impactos disso nas indústrias locais.

“Precisaremos acompanhar de perto quais serão os próximos passos de Trump nesse sentido e se haverá algum avanço na proposta de uma tarifa universal”, conclui Barral.

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