O número de internações hospitalares por causa de sinistros de trânsito na Bahia subiu de 11.825 casos em 2014 para 17.972 em 2023 - um aumento de aproximadamente 52%, no comparativo entre os dois períodos. Esses dados foram divulgados com exclusividade ao jornal A TARDE, pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), que aponta: os motociclistas são o grupo com maior número de internações, com o crescimento quase duplicado de casos: passou de 5.949 em 2014 para 10.633 em 2023, com aumento de hospitalizações em cerca de 79%.
Um desses motociclistas, Jonathan Goes dos Reis, de 30 anos, se acidentou em setembro do ano passado, ao desviar de um carro que freou bruscamente depois de o ‘cortar’, causando uma colisão. “Tive uma fratura exposta na perna direita que atingiu a tíbia e a fíbula, então os médicos precisaram colocar hastes de ferro em minha perna e quatro parafusos. E lá se foram sete meses de cuidado e consultas, só recebi alta hoje (ontem), agora vou poder, finalmente, voltar a trabalhar”, conta ele, que é eletricista e motoboy.
Impactos na Saúde
Só em 2022 na Bahia, as internações fruto de sinistros de trânsito custaram mais de R$16 milhões ao SUS, de acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) - em todo o Brasil, esse custo gira em torno dos R$50 bilhões no ano. No entanto, ainda há custos que não são contabilizados, conforme relata a Sesab: “Faltar ao trabalho por atestado ou licença-saúde, auxílio-doença, reabilitação e o investimento no indivíduo que veio a óbito ou que ficou inválido em idade produtiva. Ainda há sequelas físicas e emocionais, muitas vezes irreversíveis, que cada um destes acidentes deixa na vida das pessoas”, explica em nota.
Segundo Antonio Meira, presidente da Abramet e membro do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), nestes casos “as hospitalizações muito mais onerosas para o sistema de saúde do que outros quadros clínicos que levam a internação. “Principalmente quando esses sinistros acontecem com pedestres, ciclistas e motociclistas, pois todo o impacto é absorvido pelo corpo deles, que não possuem a proteção dos veículos maiores. Por isso é muito comum que tenham politraumatismo, como fraturas ósseas, lesões neurológicas e vasculares, por exemplo, o que gera longas internações”, explica.
Com motocicletas
O diretor geral do Detran-BA, Rodrigo Pimentel, aponta, por exemplo, que 60% dos pacientes de traumatologia do SUS na Bahia são de sinistros de trânsito com motocicletas. “De fato, é um impacto muito grande no sistema de saúde não só na Bahia, mas em todo o Brasil, trazendo lentidão ao atendimento e sobrecarregando o sistema. Há ainda o impacto imenso nas famílias, emocional e econômico, afinal aquela pessoa pode ser o seu principal provedor. E claro, há o efeito desses sinistros no INSS, pois em muitos casos a recuperação demanda bastante tempo e a pessoa precisa ficar afastada do trabalho”.
Entrou nessa estatística o segurança e motorista de aplicativo (motocicleta), Rodrigo dos Santos Mota, após cair de sua moto durante uma ultrapassagem. Ele conta que tentou desviar de um carro que brecou em sua frente. “Isso aconteceu em fevereiro, fraturei o tornozelo e tive que parar de trabalhar, hoje estou afastado pelo INSS, usando bota ortopédica e muleta para me movimentar. Tenho outra consulta dia 8 de junho e com sorte o médico me libera para voltar a trabalhar”, torce ele.
O diretor geral do Detran-BA, Rodrigo Pimentel, chama a atenção para o cuidado no trânsito, consigo e com o outro, que é de suma importância, e que a campanha do Maio Amarelo está aí para lembrar disso. “A nossa campanha continua firme e forte, e será ainda mais intensa no final do mês, pois queremos que essa mensagem chegue a mais pessoas. É preciso que cada um entenda que a segurança no trânsito depende de todos, esteja você fora ou dentro do veículo. Todos precisam assumir o seu papel e grau de importância no trânsito, só assim estaremos seguros”, afirma.
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