
Os "junior doctors", médicos em formação ou em estágio, começaram nesta quarta-feira uma greve de seis dias na Inglaterra, a mais longa da história do sistema público de saúde britânico, buscando melhorias em seus salários.
Esses médicos, que já haviam parado por três dias antes do Natal, após protagonizarem outras greves nos últimos meses, decidiram adotar uma nova medida de pressão devido à falta de acordo com o governo conservador.
Esse novo movimento de protesto ocorre em um momento em que o sistema de saúde pública, o NHS (National Health Service), está sobrecarregado devido às enormes listas de espera.
De acordo com o governo britânico, foram canceladas 88 mil consultas médicas durante os três dias de greve em dezembro, e a imprensa estima em outras 200 mil o número de consultas que serão afetadas por esse novo movimento.
A greve dos 'junior doctors', cerca de 70 mil na Inglaterra, começou às 07h00 (hora local e GMT) desta quarta-feira e terminará na mesma hora na próxima terça-feira.
A política de saúde é uma questão transferida para as administrações da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, enquanto o governo britânico é responsável pela Inglaterra.
No País de Gales, os 'junior doctors' anunciaram uma paralisação de 72 horas a partir de 15 de janeiro, enquanto os profissionais da Irlanda do Norte também votaram a favor de uma possível greve e seus colegas escoceses chegaram a um acordo com o governo de Edimburgo.
O governo britânico expressou nesta terça-feira sua disposição para continuar negociando.
"Estamos dispostos a realizar mais conversas, mas obviamente a primeira coisa que precisamos fazer é encerrar a greve", disse um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak.
Por sua vez, o NHS manifestou preocupação com as consequências dessa greve no auge do inverno boreal e após as festas de fim de ano.
"Esta ação não só terá um grande impacto nos cuidados planejados, mas também se soma a uma série de pressões sazonais, como a covid, a gripe e as ausências de pessoal devido a doenças, que estão afetando a maneira como os pacientes são atendidos nos hospitais", alertou Stephen Powis, diretor do NHS na Inglaterra.
Segundo o governo britânico, um 'junior doctor' ganha cerca de 32 mil libras (40.640 dólares) durante seu primeiro ano de prática.
"Após cinco semanas de intensas negociações, o governo não conseguiu apresentar uma oferta salarial crível", explicou o sindicato de médicos BMA (British Medical Association) no início de dezembro, no comunicado que anunciava este novo movimento de greve.
De acordo com o BMA, ao qual estão afiliados cerca de 46 mil 'junior doctors', seus salários caíram quase um quarto desde 2008.
Os "junior doctors" receberam uma oferta de aumento de 3%, além do aumento de 8,8% concedido há alguns meses, mas, segundo o sindicato BMA, essas propostas não são suficientes para enfrentar o aumento do custo de vida no Reino Unido.
Esta nova greve é "muito decepcionante", afirmou o primeiro-ministro conservador, Rishi Sunak, no meio de dezembro, durante uma sessão no Parlamento, destacando que os "junior doctors" são agora "os únicos" funcionários públicos com os quais nenhum acordo salarial foi assinado.
O Reino Unido tem enfrentado várias greves desde meados de 2022 devido à crise no poder de compra. Estagnada por muito tempo acima de 10%, a inflação recentemente atingiu 3,9% em termos anuais em novembro.
Mín. 18° Máx. 28°