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O que impulsiona o Brasil a estreitar relações comerciais com o sudeste Asiático?

Para além das relações diplomáticas, o Brasil vem, nos últimos meses, estreitando as relações comerciais com os países que compõem o BRICS, além de nações localizadas no continente africano e na Ásia. A região asiática com destaque. Afinal, a China lidera o ranking entre os parceiros mercantis do Brasil.

06/11/2023 às 17h40
Por: Redação Fonte: Sputnik Brasil
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© AP Photo / Mark Schiefelbein
© AP Photo / Mark Schiefelbein
Só no ano de 2021, a China figurou como o oitavo maior investidor no Brasil e o primeiro da Ásia, superando na lista o Japão, a Coreia do Sul e a Índia.
investimento estrangeiro direto (IED) chinês no Brasil aumentou em US$ 7,1 bilhões (equivalente a R$ 34,78 bilhões) em relação a 2020, representando um crescimento de 31%.
 

Mas qual a relação entre Brasil e Ásia?

Neste movimento, que toma cada vez mais números e corpo, a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) figura como rota brasileira.
A Indonésia é um exemplo deste novo percurso de lucro comercial. A aproximação das nações que fogem da rota tradicional, conforme pontuam analistas ouvidos pela Sputnik Brasil, é um novo olhar para as outras potências comerciais, em especial do sul global.

Desde a última sexta-feira (3), o governo brasileiro participa da CIIE (Feira Internacional da China, em tradução livre), maior feira multissetorial do país, que reúne 23 empresas brasileiras de alimentos e bebidas, que segue até próxima sexta (10).
Para Bianor Teodósio, mestre em ciência política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e MBA em economia e gestão empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o alinhamento com novas economias que fogem do 'padrão' é sempre bem vista.
Ele salienta que tal característica pulveriza o mercado.
 

"A ligação e a aproximação de mercado com outros países, a exemplo da Indonésia faz com que o Brasil figure, ainda mais, como uma opção para exportação, para além do mercado tradicional, pulverizando a nossa forma de fazer e gerar economia", frisa à Sputnik o economista e cientista político.

Brasil e Indonésia: qual o fator que os aproxima?

De acordo com Bianor, a Indonésia é um Estado que tem uma renda per capita e uma biodiversidade extensa, ambas muito próximas do Brasil.
Devido a essas semelhanças, isso faz com que os dois países consigam se aproximar bastante.

"Qualquer abertura comercial é uma oportunidade para o Brasil", frisa Bianor.

Bruno Hendler, doutor em economia política internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenador do grupo de Pesquisa em Ásia-Pacífico (GEAP-UFSM) e pesquisador membro do grupo de pesquisa LabChina, pontuou traços sobre as relações entre Brasil e Indonésia, destacando oportunidades e desafios para ambas as nações.
 

"A ASEAN como bloco é muito atrativo para o Brasil, são mercados consumidores muito grandes, e a Indonésia dentro da ASEAN é o carro-chefe por causa da sua escala. Em termos de comércio, você tem exportações de valor agregado mais altas do Brasil para a Indonésia, mas para outros países também", pontua.

Segundo o especialista, além do viés comercial, outro ponto que aproxima as nações são as características climáticas, já que tanto o Brasil quanto a Indonésia possuem florestas tropicais.
 

"Brasil e Indonésia têm se alinhado muito na agenda ambiental. Junto com o Congo, as três maiores florestas tropicais do mundo estão localizadas nesses três países. Há questões de afinidade", ressalta.

Como é a relação entre Brasil e China?

O copresidente do Lide China, José Ricardo, pontua as crescentes oportunidades na parceria econômica entre Brasil e China, destacando o papel das feiras e a importância de explorar áreas como tecnologia e sustentabilidade.
 
Ricardo enfatizou a crescente participação do empresariado brasileiro e das autoridades na China International Import Expo (CIE), descrevendo-a como a principal feira de importação da China, onde o país asiático busca adquirir produtos do mundo inteiro.
Além da CIE, ele mencionou outras feiras, como a Feira Cial, focada em produtos agrícolas, e a Feira de Cantão, voltada para a exportação de produtos fabricados na China.
 

"O empresariado brasileiro, junto com as autoridades, tem organizado uma série de comitivas intensificando essa parceria [Brasil x Ásia e Sul Asiático]. Inclusive porque nós [Brasil e China] temos um potencial enorme na parte de exportação de alimentos, isso não só de alimentos agrícolas, como commodities, de uma forma geral. Mas é importante dizer que, dentro dessa exportação de produtos agrícolas, nós temos muita tecnologia empregada", explica o CEO do Lide China no Brasil.

O representante do empresariado apontou para a mudança no eixo econômico global, observando que a Ásia representa um grande potencial de negócios e investimentos para o Brasil.
O país sul-americano tem tomado a liderança em diversas frentes internacionais, incluindo o G20 e os BRICS.
 

"O eixo da Terra mudou. A gente tem percebido que a Ásia tem um grande potencial para a aproximação do Brasil em termos de negócios, em termos de investimentos. E o Brasil, hoje, tem tomado a liderança em diversos mecanismos internacionais, não só com o G20, não só com a relação sino-brasileira, mas também, por exemplo, com o BRICS", reforça.

A visão do executivo inclui o destaque para a liderança do Brasil na tecnologia de energia limpa, como a energia eólica, energia solar e o hidrogênio verde.
Ele observou que, embora haja desafios a serem superados, a intensificação do diálogo, intercâmbio e participação em feiras e debates internacionais são formas eficazes de enfrentá-los.

Ele finaliza reforçando que o Brasil está se tornando um ator de destaque nas relações internacionais, promovendo o desenvolvimento econômico inclusivo e a transição para fontes de energia mais limpas.
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