Em entrevista coletiva concedida neste sábado (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o retorno do protagonismo internacional do Brasil, com a confirmação de R$ 100 bilhões em novos investimentos por parte dos 15 maiores grupos empresariais franceses. A declaração foi feita durante visita oficial à França e confirma informações previamente antecipadas por Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, no encerramento do Fórum Econômico Brasil-França, realizado em Paris na última sexta-feira (6).
“Estamos levando de volta ao Brasil o compromisso dos 15 maiores grupos da França de investirem R$ 100 bilhões no Brasil”, declarou Lula. “Não sei quanto custou a viagem, mas sei o que estamos levando de volta”, completou, destacando o saldo positivo da agenda internacional e o avanço das relações bilaterais com uma das principais economias da Europa.
Segundo Jorge Viana, o número representa um crescimento relevante em relação às previsões iniciais. “Se antes da missão as expectativas eram de que esse valor chegaria a R$ 70 bilhões nos próximos anos, agora saímos muito satisfeitos com a previsão dos próprios empresários franceses de que os investimentos franceses no Brasil podem ser de R$ 100 bilhões em cinco anos”, afirmou. O estoque de Investimento Estrangeiro Direto (IED) da França no Brasil alcançou US$ 78,4 bilhões em 2023, um salto de 41% em relação ao ano anterior, segundo dados do Banco Central.
Relação estratégica e protagonismo internacional
Lula enfatizou que sua visita à França foi focada em negócios. “Vim aqui fazer negócios”, disse, ao comentar que propôs ao presidente Emmanuel Macron a ampliação do fluxo comercial entre os dois países, hoje limitado a apenas US$ 9 bilhões. “Disse ao Macron que nosso fluxo comercial, entre o Brasil, que é a oitava economia do mundo, e a da França, que é a quinta, seja apenas de US$ 9 bilhões”, lamentou.
Ele também destacou o interesse brasileiro em ampliar parcerias estratégicas. “Também temos interesse em fazer um acordo com a França para a produção de helicópteros da Helibrás para atender as necessidades do Brasil e da América Latina”, afirmou.
O Brasil precisa pensar grande
Durante a coletiva, o presidente criticou o comportamento de parte da elite brasileira diante de potências estrangeiras. “O Brasil às vezes se comporta diante dos países europeus como se fôssemos colonizados, como se nossa relação fosse subserviente”, avaliou. “O Brasil precisa deixar de ser pequeno. Os nossos embaixadores precisam pensar grande. A gente não é menor do que ninguém.”
Com uma postura firme sobre o novo papel do Brasil no cenário global, Lula afirmou: “Acabou o momento em que o Brasil não era levado em conta. O Brasil hoje se faz respeitar. Nós somos do Sul Global e não devemos nada a ninguém”.
Próximas agendas internacionais e defesa da economia azul
O presidente também antecipou sua agenda para as próximas semanas. “Assim que terminar o BRICS, nos dias 6 e 7 de julho, eu receberei três chefes de estado: Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia; Abdel Fattah al-Sisi, presidente do Egito; e Prabowo Subianto, presidente da Indonésia”, revelou. Ainda neste mês de junho, Lula participará de um encontro sobre o futuro dos oceanos, em Mônaco. “Volto ao Brasil depois de participar de um encontro em Mônaco sobre o futuro dos oceanos. Vocês acham que é só o Galvão Bueno que vai para Mônaco?”, brincou.
“Precisamos defender a economia azul, preservar os oceanos e preparar o Brasil para realizar uma grande COP30. O mundo rico, que se industrializou há muitos anos, precisa pagar uma conta para o mundo se descarbonizar”, disse, reforçando o compromisso do Brasil com a pauta ambiental. Lula também afirmou que telefonará para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, caso ele diga que não participará. “Eu vou dizer: cara, o Brasil é importante e nós precisamos debater a questão ambiental".
Ao final de sua fala, Lula resumiu sua filosofia de governo internacional com uma frase contundente: “O papel do presidente do Brasil é fazer as coisas acontecerem”.
Confira a coletiva:
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