Reflexão, poesia e ancestralidade: Izabel Cristina da Silva resenha “Lirôu Rex O Tiranossaourozinho”, de Adrião Filho

A escritora, educadora e autora infantojuvenil Izabel Cristina da Silva lançou recentemente uma resenha sobre a obra Lirôu Rex O Tiranossaourozinho, do também escritor Adrião Filho. Em sua análise sensível e profunda, Izabel destaca como o livro extrapola as fronteiras da literatura infantil, tocando em temas como identidade, empatia, solidão e a força do feminino, sempre entrelaçados com saberes ancestrais e recursos poéticos.

Segundo Izabel, Lirôu Rex é uma leitura que contempla todas as idades, capaz de provocar reflexões importantes sobre gênero e sexualidade, especialmente no ambiente escolar. O ponto de partida da narrativa é o personagem Redemoinho, que vivencia o sofrimento do isolamento, abrindo espaço para uma abordagem delicada sobre a exclusão e o apagamento de identidades.

A resenhista enaltece ainda a presença do personagem Vovô, que evoca os saberes do Painho Oxóssi, e da figura do tiranossaurozinho Lirôu Rex (LR), cujo percurso emocional e físico conduz o leitor a desenvolver um olhar mais humano, sensível e crítico. A citação à obra do crítico literário Antonio Candido reforça a tese de que a literatura tem papel central na construção da humanidade e da empatia.

O lirismo da obra se intensifica quando LR, sentindo-se solitário e diferente, encontra consolo na presença simbólica da Lua, sua confidente silenciosa. “Daí ser ele mais vivo quando adormecia, e lagarta se reconhecia, pois um dia Borboleta voaria” — é uma das passagens citadas por Izabel que apontam a riqueza poética do texto de Adrião.

Um momento de destaque na resenha é o simbolismo do número “33 minutinhos”, tempo necessário para o tão aguardado abraço entre LR e Redemoinho. Para a autora da análise, o tempo representa cura, maturidade e transcendência — um instante de alquimia entre os personagens, que também se reflete na própria experiência de leitura.

A escritora finaliza sua leitura mencionando o trecho em que o personagem sonha-se como crisálida, vivendo a escuridão do casulo antes de, enfim, tornar-se Mariposa-Luna e realizar seu primeiro voo ao luar. Para Izabel, esse percurso simboliza o tempo da escuta interior e da libertação, guiada pela força feminina e pelas artes, como o próprio autor ressalta em duas passagens do livro.

Graduada em Letras Vernáculas pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e autora de dez livros de literatura infantojuvenil, Izabel Cristina da Silva reafirma, em sua resenha, o poder transformador da literatura e o valor de obras que, como a de Adrião Filho, acolhem, provocam e libertam

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