Há alguns dias, fui surpreendida com um aviso colado na parede de uma repartição pública informando ser proibida a entrada de pessoas trajando bermudas, saias e vestidos curtos. Critiquei a proibição e ouvi de uma funcionária: “é porque você não sabe como as mães vêm aqui. Usam saia curta, blusa de alcinha ou shortinho.” Argumentei que não diz respeito, nem a mim, nem a ela, nem a ninguém, as escolhas pessoais no uso da roupa. Retrucou que todos os locais funcionavam assim. Então, fui às ruas e observei que, realmente, muitas mulheres usam bermudas, saia, vestido ou shortinho na via PÚBLICA, no transporte PÚBLICO e até mesmo nos estabelecimentos comerciais, sem serem incomodadas ou proibidas de acessar qualquer local. Exceto nas repartições PÚBLICAS. Essas, sem nenhum amparo legal, se arvoram em juízes dos trajes alheios, impondo como uma pessoa deve se vestir para obter serviços PÚBLICOS. Mas isso é, principalmente, uma questão de classe social.
Os órgãos que afixam esse absurdo em suas portas, não seguem nenhuma lei, é um abuso de autoridade de algum moralista de plantão. Por isso, peço ao prefeito Joaquim Neto e ao Presidente da Câmara dos Vereadores de Alagoinhas que proíbam mais esse desrespeito às mulheres. Buscaremos o mesmo junto ao governo do Estado da Bahia. Afinal, as afirmações que mais ouço dos políticos é que “a mulher pode ser o que quiser”, “pode vestir o que quiser”, “pode fazer o que quiser”. O mais resistente deverá ser o poder judiciário, em que pese a declaração do conselheiro do CNJ Técio Lins e Silva, que afirmou: “Não somos agência reguladora do vestuário nos tribunais”. A OAB, em diversos estados, tem se manifestado contra esse absurdo, evidentemente, considerando apenas as prerrogativas das advogadas..
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