Um soldado da Polícia Militar foi preso nesta terça-feira (17), em Salvador, suspeito de envolvimento no desaparecimento de dois jovens funcionários de um ferro-velho no bairro de Pirajá. Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento e Matusalém Silva Muniz seguem desaparecidos, e o caso, que completou um mês em 4 de dezembro, levanta graves suspeitas de execução a mando do dono do empreendimento, Marcelo Batista da Silva, que está foragido.
A prisão do policial ocorreu durante o avanço das investigações conduzidas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Além do PM detido, outros dois policiais militares são investigados e tiveram pedidos de prisão preventiva solicitados pela polícia. Os nomes dos demais envolvidos não foram divulgados. O policial preso foi conduzido em um carro da Corregedoria da PM para prestar depoimento.
Marcelo Batista da Silva, dono do ferro-velho onde os jovens trabalhavam como diaristas, é considerado o principal suspeito do crime. A Justiça decretou a prisão preventiva do empresário em 9 de novembro, mas ele segue foragido. Segundo a polícia, Marcelo acumula um extenso histórico de envolvimento com crimes:
Além disso, Marcelo é réu em nove processos na Justiça do Trabalho em tramitação e outros 60 processos já foram arquivados. As acusações incluem descumprimento de pagamentos de salários, horas extras, assédio sexual e até tortura.
Marcelo é dono do ferro-velho onde jovens trabalhavam e está foragido da Justiça — Foto: Redes sociais
As famílias de Paulo Daniel e Matusalém denunciaram à polícia que Marcelo havia acusado os jovens de furto. A versão dada pelo empresário, antes de sua prisão ser decretada, foi que toneladas de alumínio haviam sido roubadas da empresa em meses anteriores e que ele havia recuperado parte do material em novembro.
Segundo a Polícia Civil, a suspeita contra o empresário ganhou força após a perícia em um carro avaliado em R$ 750 mil, deixado em uma loja de veículos de luxo em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. O veículo foi entregue para troca dos bancos devido a “manchas de sujeira”, que, conforme investigações, podem ser vestígios de sangue dos jovens desaparecidos.
Marcelo afirmou que os jovens teriam sido flagrados em novo furto à empresa no dia 4 de novembro e que pretendia acionar a polícia no dia seguinte, mas Paulo Daniel e Matusalém nunca mais apareceram. A versão do empresário, no entanto, é tratada com desconfiança pelos investigadores.
Local onde os jovens trabalhavam em Salvador — Foto: TV Bahia
As investigações seguem sob responsabilidade do DHPP, que busca localizar o empresário foragido e esclarecer o paradeiro dos jovens. A prisão do policial militar representa um avanço significativo no caso, que expõe ligações suspeitas entre agentes públicos e o crime organizado.
A polícia reforça que denúncias anônimas podem ser feitas para ajudar nas buscas pelo empresário Marcelo Batista da Silva e na elucidação completa do desaparecimento dos jovens.
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