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Lavagem de dinheiro do tráfico com pesca ilegal pode estar ligada ao desaparecimento no AM

Lavagem de dinheiro do tráfico com pesca ilegal pode estar ligada ao desaparecimento no AM

11/06/2022 às 11h20 Atualizada em 11/06/2022 às 14h20
Por: Redação
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Foto: Reprodução
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A Polícia Federal investiga um esquema de lavagem de dinheiro para o narcotráfico por meio da venda de peixes e animais que pode estar relacionado ao desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, procurados desde domingo no entorno da Terra Indígena do Vale do Javari, no Amazonas.

O GLOBO apurou que apreensões de peixes que seriam usados no esquema foram feitas recentemente por Pereira, que acompanhava indígenas da Equipe de Vigilância da União dos Povos Indígenas do Javari (Unijava). As embarcações levavam toneladas de pirarucus, peixe mais valioso no mercado local e exportado para vários países, e de tracajás, espécie de tartaruga considerada uma especiaria e oferecida em restaurante sofisticados dentro e fora do país.

A ação de Pereira contrariou o interesse do narcotraficante Rubens Villar Coelho, conhecido como "Colômbia", que tem dupla nacionalidade brasileira e peruana. Ele usa a venda dos animais para lavar o dinheiro da droga produzida no Peru e na Colômbia, que fazem fronteira com a região do Vale do Javari, vendida a facções criminosas no Brasil. Há suspeita de que ele teria ordenado a Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, a colocar a “cabeça de Bruno a leilão”.

Pelado foi preso na quarta-feira por porte de munição e de drogas, depois de denúncias de que estava envolvido no desaparecimento de Pereira e Phillips. Amarildo teve a prisão temporária decretada anteontem, na audiência de custódia, pela juíza Jacinta Silva dos Santos.

Facções estrangeiras

 

Fontes ouvidas pela reportagem, que não foram identificadas por medo de represálias, afirmam que o esquema criminoso tem a participação de colombianos do Cartel de Cali e peruanos da maior facção do país. Eles atuam com a ajuda de pescadores brasileiros nas comunidades de Ladário, São Gabriel e São Rafael, essa última visitada pela indigenista e o jornalista antes de desaparecerem. Eles haviam marcado um encontro com Churrasco, um líder comunitário que é tio de Pelado mas não foi ao compromisso.

Colômbia teria residência em Benjamim Constant e um flutuante em Islândia, ilha em frente ao município. No depósito, armazenaria pescados e carnes cobiçadas de caça como porco queixada, anta e veado, e o combustível, que vem do Peru, para barcos de pesca. Moradores da região contam que armas de grosso calibre também são guardadas.

Entre os brasileiros que trabalham para Colômbia como “linhas de frente” do crime organizado no Vale do Javari, O GLOBO apurou os nomes de Nei, Caboclo, Jâneo, e “Churrasco”, que é tio de Pelado. Jâneo e “Churrasco” foram os primeiros a prestarem depoimento à Polícia Civil um dia após o desaparecimento de Bruno e Dom. Eles são considerados suspeitos de terem participado do ataque à dupla, mas foram liberados após depoimento.

A última apreensão de pesca ilegal pela Univaja foi no dia 24 de março. A equipe recolheu um motor e uma embarcação de Jâneo onde estaria Colômbia, mas os dois foram liberados. A embarcação foi levada para um local próximo da prefeitura de Atalaia, mas foi resgatada durante a noite, na época.

Material orgânico

 

A Polícia Federal informou ontem ter encontrado “material orgânico aparentemente humano” no rio perto do porto de Atalaia do Norte, que faz parte da área em que se concentram as buscas a Pereira e Phillips. Mas o material ainda vai ser analisado pelo Instituto Nacional de Criminalística.

A PF acrescentou que já foi feita a coleta do material genético de referência do jornalista e do indigenista desaparecidos, colhido com parentes dos dois no Recife e em Salvador, cidade em que Phillips passou a morar no Brasil. O material será usado na comparação com amostras de sangue encontradas na lancha de Amarildo, recolhida pela Polícia Militar quando o pescador foi preso.

A Univaja informou que o embaixador do Peru no Brasil, Rómulo Acurio, pediu às autoridades do país vizinho para colaborar nas buscas.

A porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, disse ontem, em Genebra, que o governo brasileiro demorou para iniciar as buscas:

— Após decisão judicial, as autoridades empregaram mais meios para procurar esses dois homens. Mas inicialmente, a resposta das autoridades foi lenta.

Depois de ter classificado a viagem de Pereira e Phillips de aventura, em seu discurso na Cúpula das Américas, ontem, em Los Angeles, o presidente Jair Bolsonaro disse que as Forças Armadas e Policia Federal estão em “uma busca incansável”.

— O britânico Dom Phillips e o brasileiro Bruno Pereira desapareceram no Vale de Javari e, desde o primeiro momento, nossas Forças Armadas e a Polícia Federal estão em uma busca incansável. Pedimos a Deus para que sejam encontrados com vida — afirmou.

O ministro do STF Luís Roberto Barroso intimou ontem a União, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, o diretor da Polícia Federal, Márcio Nunes, e o presidente da Funai, Marcelo Xavier, a dar esclarecimentos sobre o caso e apresentar em cinco dias um relatório de medidas tomadas para achar Pereira e Phillips, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.

A Defensoria Pública da União pediu à Polícia Federal a criação de um gabinete de crise, com a participação de indígenas, para coordenar as buscas. O DPU também pediu a participação de ao menos um indígena em cada embarcação. Em nota, a PF disse que os pedidos da defensoria são impróprios.

Colaboraram André de Souza e Janaína Figueiredo, enviada especial a Los Angeles

Fonte: O Globo

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