Ao que parece, os colegas do jornal A Tarde cometeram uma barrigada na matéria publicada no domingo. Poderiam ter visitado o Aterro na segunda-feira, seriam recebidos com um café da manhã, participariam da coletiva de imprensa, receberiam informações corretas e fotos reais. Ao invés disso, entraram pelos fundos, publicaram informações truncadas e fotos que não condizem com a situação atual. E me deixaram intrigada. Em tempos idos, fiz parte do jornal que é, ainda, uma instituição na Bahia e, apesar de todos os percalços financeiros, acredito que continua trabalhando dentro dos princípios do jornalismo, daí a surpresa com a reportagem.
Sua Cidade em Revista publicou diversas matérias acompanhando a situação do Aterro. Revendo-as, chego ao dia 16 de março de 2017, quando o ex gestor da SESEP, Harnoldo Azi, prestou esclarecimentos à Câmara dos Vereadores de Alagoinhas acerca da situação em que encontrou a secretaria quando assumiu a gestão. Do assunto ele podia falar muito bem já que ocupou o mesmo cargo no governo anterior ao de Joaquim Neto. Na ocasião, Harnoldo informou que o secretário da SESEP não é o gestor financeiro, não realiza pagamentos, esclarecendo que é apenas um executor de tarefas. O Secretário apresentou débitos encontrados com empresas responsáveis pelas seguintes funções: recolhimento de animais na cidade, monitoramento e aterro sanitário, segurança, coleta de lixo nos locais de difícil acesso (através de carroças), limpeza urbana e coleta especializada, manutenção na iluminação pública e fornecedores de material elétrico.
Ou seja, a situação era caótica, como de resto em quase todas as secretarias.
Em julho de 2017, foi apresentado na Câmara dos Vereadores, propostas de solução para o aterro sanitário. Entre outras, estava a de transportar o lixo para Feira de Santana. Durante o ano de 2017, vários eventos discutiram a questão do aterro: em setembro, o vereador Thor de Ninha promoveu uma audiência pública para discutir coleta seletiva, logística reversa e destinação de resíduos sólidos. No 1º Forum de Meio Ambiente e Sustentabilidade, em novembro 2017, o Aterro voltou a ser tema de discussão.
Já em 2018, no dia 20 de março, o prefeito apresentou para as forças empresariais de Alagoinhas propostas para requalificação do aterro sanitário e a instituição - a Sustentare Saneamento - encarregada de realizar ações de natureza emergencial, adequando o equipamento público às exigências das leis ambientais. Na mesma semana foi iniciado o processo de estruturação para começar a dar o tratamento adequado ao lixo urbano. Ainda em março, a prefeitura promoveu a primeira reunião entre representantes da Cooperativa de Reciclagem Exército de Cristo (COOPERC), Cooperativa de Reciclagem de Alagoinhas (CORAL) e a empresa encarregada. A diretoria do aterro sanitário também participou da discussão. Para Ticiane Queiroz Negreiro, representante da CORAL, foi a primeira vez que aconteceu uma reunião tão proveitosa e animadora.
Com a assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) a Prefeitura de Alagoinhas se comprometeu com: elaboração de um plano municipal de gestão integrada, coleta seletiva em prédios públicos, incentivar cooperativas e catadores, cadastrar catadores e incluir em programas de assistência social, inclusive, a administração municipal já deu início a ações de fomento às cooperativas. Outro compromisso firmado no TAC são as coletas seletivas nos bairros e entregas voluntárias, medida já prevista no planejamento estratégico municipal, além da regularização e revitalização do aterro em 24 meses.
Dentro do planejamento, na última segunda-feira (06) foi dado início à construção de uma nova célula no local, a Célula “C”, e, após a conclusão das obras, as células “A” e “B” não serão mais utilizadas.
Durante o encontro, o diretor da 2D Engenharia – empresa que ficará responsável pela obra e e operacionalização do aterro -, Denilton Salomão, e o diretor do equipamento, Jonatas Borges, apresentaram as intervenções que vêm sendo desenvolvidas no aterro, visando o cumprimento ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado com o Ministério Público Estadual.
A execução do Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos, o Plano de Recuperação de Área Degradada – PRAD, e o licenciamento ambiental são outros pontos previstos no documento, e que também já estão em curso. No evento foram destacadas as iniciativas da gestão para garantir melhorias efetivas nas condições de trabalho dos catadores, como o acordo de cooperação técnica com a CORAL, além de cursos e palestras oferecidos gratuitamente às cooperativas de catadores e reciclados. Visando a inclusão social, a Secretaria Municipal de Assistência Social também iniciou a aplicação de questionários socioeconômicos a catadores independentes do aterro municipal e realizou a inserção dos que atuam na área nos programas assistenciais e de saúde. A diretoria do aterro também está buscando soluções inclusivas que garantam a retirada dos catadores em situação irregular, entre elas a contratação de alguns, a exemplo de Jorge Alves, 19 anos, que participou da solenidade e deu um depoimento sobre as mudanças na sua vida após ter sua carteira assinada.
“Em relação ao descarte responsável dos resíduos, instalação de coletores e contêineres, para a implantação de Pontos de Entrega Voluntária em Alagoinhas, também já está em andamento, assim como uma minuta de Lei municipal para a coleta seletiva, que está sendo debatida pela Administração”, explica o secretário da SESEP, Edmilson Figueiredo.
Alagoinhas ainda tem muito a corrigir na rota do desenvolvimento, não se faz necessário criar histórias desabonadoras desrespeitando os munícipes.
Nadia Freire
Editora do jornal impresso e site Sua Cidade em Revista
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