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Estudo recente publicado na revista Nature Communications traz uma estratégia inovadora para contracepção em gatos

Estudo recente publicado na revista Nature Communications traz uma estratégia inovadora para contracepção em gatos

26/06/2023 às 13h49 Atualizada em 26/06/2023 às 16h49
Por: Redação
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Foto: Reprodução
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Nova terapia gênica pode ser uma alternativa mais barata e mais simples para controlar as populações de cães e gatos abandonados

Estudo recente publicado na revista Nature Communications traz uma estratégia inovadora para contracepção em gatos, sem necessidade da cirurgia de esterilização, que é atualmente a prática mais utilizada para evitar filhotes. Há, segundo estimativa publicada na revista Science, 1,5 bilhão de cães e gatos abandonados no mundo, número que equivale aproximadamente à população da Índia, e que gera problemas sanitários, ecológicos e, claro, enorme sofrimento animal. No Brasil, a Organização Mundial de Saúde estima 30 milhões de animais abandonados: 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães. Organizar mutirões de castração para todos esses bichos seria inviável, tanto em termos de logística quanto de custo. Uma estratégia que traga o mesmo resultado com apenas uma injeção seria, portanto, muito bem-vinda.

O estudo, conduzido por dois cientistas nos EUA, David Pepin, um biólogo especialista em reprodução, do Hospital Geral de Massachusetts, e William Swanson, também biólogo, especialista em conservação, do zoológico de Cincinatti, ainda é preliminar. A terapia gênica – ou seja, uma maneira de manipular o funcionamento dos genes de um organismo – foi testada em nove gatas.

Usando um vírus modificado para inserir nas gatas um gene que aumenta a produção do hormônio antimuleriano (AMH) pelos ovários, os cientistas buscavam descobrir se o excesso de AMH iria impedir a ovulação das felinas, efeito já observado em fêmeas de camundongo.

É importante ressaltar que o projeto só foi possível graças ao financiamento de uma ONG dedicada à proteção animal, a Michelson Found Animals Foundation, que disponibilizou US$ 50 milhões para projetos de pesquisa que investigassem uma alternativa à cirurgia de esterilização.

O experimento foi um sucesso. O vírus modificado foi inserido nas gatas por injeção intramuscular. As gatas foram divididas em grupo de tratamento – que recebeu a terapia gênica – e grupo controle – que recebeu um placebo, um vírus não modificado e sem o gene de interesse. Foram observadas por quatro meses, e tiveram a oportunidade de acasalar com dois machos diferentes. No grupo de tratamento, quatro gatas rejeitaram os machos. Outras duas aceitaram e tiveram várias interações sexuais, mas nenhuma engravidou. Já no grupo controle, todas as três felinas engravidaram e tiveram ninhadas. As gatas do grupo tratamento foram acompanhadas por dois anos, e viu-se que o excesso de hormônio ainda estava sendo produzido. Uma foi acompanhada por cinco anos, também mantendo a produção do hormônio. Além disso, nenhuma gata apresentou reação adversa.

O estudo, feito com poucas gatas, precisa ser replicado com um número maior de animais e o tratamento, testado também em cadelas. A injeção de terapia gênica não impede o ciclo normal do estro: ou seja, as gatas ainda entram no cio normalmente, e nem traz os benefícios da cirurgia de castração, que diminui a incidência de câncer de mama e outros problemas de saúde comuns em gatas não esterilizadas. Talvez por isso não seja uma opção tão atraente para os animais domésticos.

No estudo, uma das gatas, a que expressou os níveis mais altos de AMH, não desenvolveu hiperplasia (aumento anormal do número de células) do endométrio, mas duas outras felinas, que produziram anticorpos contra o hormônio, tiveram a doença. Os pesquisadores dizem que se tudo correr bem, e estes problemas forem resolvidos, ainda deve demorar pelo menos cinco anos para a nova injeção chegar ao mercado. E alertam que para ser uma solução para animais de rua em países em desenvolvimento, a dose precisa ter um preço adequado. Se for bem-sucedida, a terapia pode ser uma alternativa mais barata e mais simples para controlar as populações de cães e gatos abandonados – e no Brasil, quem sabe, de capivaras.

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