A obesidade é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma epidemia global do século 21. Segundo a entidade, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo já vivem com obesidade, sendo 650 milhões adultos, 340 milhões adolescentes e 39 milhões crianças. Se nada for feito, a previsão é que até 2035 o número dobre, atingindo quase 2 bilhões de pessoas (World Obesity Atlas 2023).
No Brasil, a situação também preocupa. De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (Vigitel/IBGE, 2023), 61,3% dos brasileiros possuem excesso de peso (IMC≤25 Kg/m2). O levantamento mostra que a prevalência da obesidade passou de 17,3% em 2002 para 24,3% em 2023, refletindo um crescimento acelerado em menos de duas décadas.
A obesidade está associada a doenças crônicas como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, problemas cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Estima-se que os custos diretos da obesidade para o Sistema Único de Saúde brasileiro ultrapassem R$ 1,5 bilhão por ano (Ministério da Saúde, 2022).
A partir desse ano, o diagnóstico da obesidade no Brasil deve incorporar novos parâmetros que vão além do tradicional Índice de Massa Corporal (IMC). Segundo a SBCBM, especialistas nacionais e internacionais propõem reconhecer a obesidade como uma doença crônica que exige uma avaliação mais ampla e individualizada.
Os novos critérios classificam a condição em obesidade pré-clínica (excesso de gordura corporal sem manifestações clínicas evidentes) e obesidade clínica (com disfunções metabólicas, cardiovasculares ou orgânicas).
Além do IMC, passam a ter peso relevante medidas como:
• circunferência abdominal
• razão cintura-quadril
• avaliação da composição corporal (ex: DEXA)
• presença de sinais clínicos ou limitação funcional no dia a dia Foram estabelecidos 18 sinais clínicos para adultos e 13 para crianças/adolescentes que indicam quando o excesso de adiposidade já gera impacto orgânico e configura obesidade com risco (como apneia do sono, fadiga, alterações metabólicas, disfunções hormonais etc.).
O objetivo dessas mudanças é tornar o diagnóstico mais preciso, evitar subdiagnóstico (casos com IMC normal, mas alto percentual de gordura) e sobrediagnóstico (casos com IMC alto, mas boa composição corporal) e promover um cuidado mais humanizado e baseado em evidências
Para a nutricionista e doce do curso de Nutrição da Wyden, Joseane Nobre, é preciso unir esforços individuais e coletivos para conter esse cenário. “A obesidade não é apenas uma questão estética, mas sim um problema de saúde pública que afeta a qualidade e a expectativa de vida das pessoas. Em datas como o Dia Mundial de Prevenção da Obesidade, reforçamos a importância da educação alimentar, da prática de atividade física e de políticas públicas que facilitem escolhas mais saudáveis”, explica a docente, que já dá algumas orientações:
Dicas para prevenção e controle da obesidade
• Alimentação equilibrada: priorizar frutas, verduras, legumes, grãos integrais e proteínas magras.
• Evitar ultraprocessados: alimentos industrializados ricos em açúcar, sódio e gorduras estão diretamente ligados ao ganho de peso.
• Atividade física regular: ao menos 150 minutos por semana de exercícios moderados, como caminhadas, ciclismo ou natação. Sempre com a orientação de um profissional Educador Físico
• Sono adequado: noites mal dormidas aumentam o risco de desregulação hormonal e maior consumo calórico.
• Acompanhamento profissional: médicos e nutricionistas podem auxiliar na adoção de estratégias personalizadas para o controle do peso.
“Precisamos conscientizar a população e estimular governos, empresas e instituições a implementar ações concretas que promovam a saúde. A mudança de hábitos não acontece de um dia para o outro, mas é possível construir pequenas rotinas mais saudáveis. O primeiro passo é reconhecer a importância da prevenção e buscar apoio quando necessário”, finaliza a nutricionista Joseane Nobre