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Governo federal cria protocolo emergencial para intoxicações por metanol
Medida busca conter surtos recentes em São Paulo, que já resultaram em dez casos e três mortes confirmadas
30/09/2025 08h45
Por: Redação Fonte: Brasil247
Exame oftalmológico (Foto: CBO/Divulgação)

O governo federal anunciou nesta segunda-feira (29) a adoção de um protocolo emergencial para lidar com casos de intoxicação por metanol, após a confirmação de dez ocorrências relacionadas ao consumo de bebidas alcoólicas no estado de São Paulo. Três mortes já foram oficialmente registradas pelo Laboratório de Toxicologia Analítica do CIATox-Campinas.

A decisão foi tomada em reunião extraordinária do Comitê Técnico do Sistema de Alerta Rápido (SAR), coordenada pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad/MJSP). O encontro reuniu representantes de diversos órgãos federais e estaduais, além de especialistas em saúde e segurança pública.

 

Ações imediatas e articulação entre ministérios

No âmbito do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o SAR seguirá responsável pelo monitoramento contínuo dos casos e pela atualização de dados oficiais. A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) também deverá enviar um alerta aos Procons de todo o país, com orientações específicas para fornecedores e consumidores sobre a segurança na comercialização de bebidas alcoólicas.

O Ministério da Saúde acompanha a situação junto às autoridades de São Paulo e reforçou a necessidade de que todas as unidades de urgência e emergência notifiquem imediatamente casos suspeitos de intoxicação exógena. Já o Ministério da Agricultura e Pecuária avalia medidas de fiscalização e coleta informações para apoiar as investigações.

Casos preocupam autoridades

Historicamente, intoxicações por metanol no Brasil eram associadas à ingestão de álcool adulterado em contextos de vulnerabilidade social, como no consumo de combustíveis de postos de gasolina. No entanto, os novos registros mostram um cenário distinto: pacientes relataram ter consumido destilados como gin, whisky e vodka em bares e ambientes sociais desde o início de setembro.

As autoridades não descartam a existência de casos ainda não notificados e aguardam confirmações laboratoriais adicionais. O padrão inédito chamou atenção das equipes de saúde e segurança, que intensificaram a investigação para rastrear a origem das bebidas adulteradas.

Em nota, a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) apontou a hipótese de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A entidade relaciona a situação ao fechamento de distribuidoras investigadas por adulterar combustíveis com metanol, durante a operação Carbono Oculto, realizada em agosto pelo Ministério Público de São Paulo, Receita Federal, Polícia Federal e outros órgãos.

Segundo a ABCF, “ao ficar com tanques repletos de metanol lacrados e distribuidoras e formuladoras proibidas de operar, a facção e seus parceiros podem eventualmente ter revendido o produto a destilarias clandestinas e quadrilhas de falsificadores de bebidas, auferindo lucros milionários em detrimento da saúde dos consumidores”.

As investigações revelaram que o PCC utilizava mais de mil postos de combustíveis em dez estados brasileiros e controlava cerca de 40 fundos de investimento para lavagem de dinheiro.

Sintomas e recomendações à população

A intoxicação por metanol é considerada uma emergência médica grave. A substância é metabolizada pelo organismo em compostos altamente tóxicos, como formaldeído e ácido fórmico, que podem causar cegueira e até levar à morte.

Entre os principais sintomas estão:

O Ministério da Saúde orienta que qualquer pessoa que apresente esses sinais após ingerir bebidas alcoólicas procure imediatamente atendimento de emergência. Também recomenda que indivíduos que tenham consumido a mesma bebida façam avaliação médica preventiva.