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Ex-delegado executado em SP era inimigo nº 1 do PCC
Ruy Ferraz Fontes foi morto em Praia Grande. Autoridades tratam o crime como vingança
16/09/2025 07h14
Por: Redação Fonte: Brasil247
Ruy Ferraz (Foto: Divulgação (Polícia Civil))

O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, de 64 anos, foi assassinado a tiros na noite de segunda-feira (15) em Praia Grande, litoral paulista. Segundo o Metrópoles, a trajetória do policial foi marcada pelo combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC), facção que o considerava seu inimigo número um.

Fontes ingressou na corporação no interior do estado e passou por unidades estratégicas, como o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), o Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) e o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), onde iniciou os primeiros inquéritos contra o PCC no início dos anos 2000. À época, a facção ainda era pouco conhecida e oficialmente negada por autoridades estaduais.

 

Enfrentamento ao crime organizado

A atuação firme de Fontes se consolidou em 2006, quando São Paulo enfrentou uma série de ataques coordenados pelo PCC contra bases policiais, órgãos públicos e estabelecimentos comerciais. Sua postura combativa rendeu reconhecimento dentro da polícia, mas também colocou sua vida em risco.

Em 2019, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC, teria jurado de morte o delegado após sua transferência para o sistema penitenciário federal. Desde então, Fontes vivia sob constante ameaça.

Raquel Kobashi Gallinati Lombardi, diretora da Academia dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol), lamentou a execução: “Um dos melhores Delegados-Gerais que conheci, Ruy foi executado covardemente hoje por criminosos, após uma trajetória marcada pelo combate firme e incessante ao PCC, impondo enormes prejuízos ao crime organizado”.

Crime tratado como vingança

De acordo com o secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, Osvaldo Nico Gonçalves, não há dúvidas sobre a motivação: “Isso aí certamente foi vingança do PCC. Ele lutou muito contra a facção”, declarou ao Metrópoles.

Após o assassinato, o atual delegado-geral, Artur Dian, e outras autoridades se deslocaram para a Baixada Santista. A Polícia Militar enviou pelo menos 100 homens de batalhões especializados para reforçar as buscas.

Execução filmada e fuga

Imagens de câmeras de segurança registraram a perseguição. Fontes bateu o carro em um ônibus, capotou e, em seguida, foi alvejado pelos criminosos que desceram de uma Toyota Hilux SW4 preta. O veículo foi encontrado incendiado horas depois.

Duas pessoas que estavam próximas também ficaram feridas. Segundo a Prefeitura de Praia Grande, um homem e uma mulher receberam atendimento do Samu e foram encaminhados ao Hospital Municipal Irmã Dulce. Ambos estão fora de risco.

Trajetória

Com mais de 40 anos de carreira, Fontes era considerado especialista em facções criminosas. Passou por cargos de direção, como o comando da Delegacia-Geral de Polícia e do Decap, e atuou como professor de Criminologia e Investigação Policial. Desde janeiro de 2023, ocupava a Secretaria de Administração de Praia Grande.

Sua formação incluía cursos internacionais, como o Anti-Drogas e Anti-Terrorismo na França e treinamentos no Canadá. Além da atuação contra o PCC, o ex-delegado também sobreviveu a diversas tentativas de assalto ao longo da carreira, nas quais chegou a reagir e neutralizar criminosos.