O governo federal estuda a criação de uma linha de crédito emergencial no valor de R$ 10 bilhões para a renegociação de dívidas de produtores rurais afetados pelas novas tarifas de importação impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo.
As medidas em análise têm como objetivo mitigar os impactos do chamado “tarifaço”, que entrou em vigor nesta semana, impondo sobretaxas de até 50% sobre diversos produtos brasileiros exportados para os EUA, incluindo carne bovina, café, frutas, pescados, calçados e têxteis. O decreto assinado por Trump adicionou 40 pontos percentuais às tarifas já existentes em determinados setores.
A linha de crédito emergencial deverá ser implementada em duas fases. Técnicos que acompanham as discussões apontam que R$ 5 bilhões serão disponibilizados ainda em 2025, enquanto o restante ficará reservado para o próximo ano. A proposta está incluída em uma minuta da medida provisória que trata do pacote de contenção de danos ao setor agroexportador nacional.
A nova linha de financiamento será voltada à renegociação de operações vinculadas a programas como o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e a Cédula de Produto Rural (CPR), mecanismo que permite a antecipação de recursos por meio da venda futura da produção agrícola.
Apesar do foco em produtores de carne, frutas e café — setores mais diretamente atingidos pelas novas tarifas — outras cadeias produtivas também poderão ter acesso aos recursos. A regulamentação dependerá de deliberação do Conselho Monetário Nacional (CMN), que estabelece as diretrizes do setor financeiro.
Além da renegociação de dívidas, o pacote inclui ainda crédito via BNDES com juros subsidiados, destinado ao capital de giro de empresas afetadas. A iniciativa será financiada com recursos do Tesouro Nacional.
Entre as medidas complementares, o governo articula ações para apoiar o setor industrial, preservar empregos e ampliar o acesso a novos mercados, com o objetivo de reduzir a dependência do comércio com os Estados Unidos.
Apesar da elevação tarifária, cerca de 700 setores brasileiros ficaram de fora da medida, entre eles o de aviões e peças da Embraer, o de suco de laranja e segmentos relacionados à indústria do petróleo e da energia.