A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou nesta terça-feira o início dos testes clínicos em humanos da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan contra a gripe aviária. A aprovação acontece após a realização dos testes pré-clínicos em animais, conduzidos com cepas vacinais fornecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Nesta fase, os pesquisadores vão avaliar a segurança do imunizante e sua capacidade de estimular a produção de anticorpos em humanos. A vacina brasileira utiliza a mesma tecnologia já aplicada nas vacinas contra a influenza sazonal.
O estudo clínico envolverá 700 voluntários adultos e idosos, que receberão duas doses com intervalo de 21 dias. Os testes serão realizados em cinco centros de pesquisa: Recife, São Paulo, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e Belo Horizonte.
De acordo com o Instituto Butantan, o objetivo é concluir o acompanhamento dos participantes até 2026 e, a partir disso, submeter à Anvisa um pacote regulatório “que contemple uma ampla faixa etária”.
— O Instituto pode produzir um contingente de 30 milhões de doses após os resultados iniciais. Este contingente estratégico pode ser utilizado caso o vírus comece a se disseminar entre humanos e tenha antígenos semelhantes aos representados pela vacina candidata do Instituto Butantan — afirmou o diretor do Butantan, Esper Kallás.
A iniciativa faz parte da estratégia do Butantan de fortalecer a preparação do país para possíveis pandemias. A produção contempla vacinas com três cepas da gripe aviária: H5N1, H5N8 e H7N9.
A diretora médica do Butantan, Fernanda Boulos, destacou que, caso uma epidemia seja declarada durante os testes, o Instituto estará à disposição da Anvisa para buscar formas de acelerar o processo e adaptar o imunizante a uma eventual nova variante do vírus.
Em dezembro de 2024, o Ministério da Saúde publicou um Plano de Contingência Nacional do Setor Saúde para Influenza Aviária, que prevê, entre outras medidas, a criação de estoques estratégicos de vacinas, medicamentos e insumos em caso de emergência.
Neste ano, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) notificou casos de infecção por gripe aviária em aves comerciais, incluindo uma granja em Montenegro (RS) e outros estados — atualmente sob investigação. Não há registros da doença em humanos no Brasil.