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Plano para matar Lula, Alckmin e Moraes reforça pressão contra anistia a golpistas do 8 de Janeiro
Proposta já tinha perdido força com atentado a bomba em Brasília
20/11/2024 09h59
Por: Redação Fonte: O Globo
Invasão e depredacão às sedes dos três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023 — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/08-01-2023

A revelação de um plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes no fim de 2022 reforçou a pressão para enterrar o projeto que propõe anistiar envolvidos nos atos golpistas do 8 de Janeiro, movimento que já havia se fortalecido após o ataque em frente à sede do Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada. Em paralelo, a avaliação na Polícia Federal (PF) é que a recente operação não irá atrasar a conclusão do inquérito sobre a trama golpista, que mira o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A defesa de que o projeto de anistia seja enterrado no Congresso, que já havia sido feita por autoridades na semana passada, foi ontem encampada pelo decano do STF, o ministro Gilmar Mendes, após a operação ser deflagrada. Gilmar afirmou ser “incogitável” promover uma anistia a golpistas neste momento do país.

— Acho incogitável falar em anistia nesta quadra e neste quadro. Seria até irresponsável. Como todos sabem, tenho vários interlocutores no meio político, e não me parece que faça qualquer sentido, antes mesmo de termos uma denúncia, se falar em anistia — disse ele à GloboNews.

Já o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, enfatizou a gravidade das revelações feitas pela investigação e disse que o Brasil esteve “mais próximo do que imaginávamos” de um golpe de Estado.

— Tudo sugere que estivemos mais próximos do que imaginávamos do inimaginável. O que é possível dizer, neste momento, é que o golpismo, o atentado contra as instituições e contra os agentes públicos que as integram, nada têm a ver com ideologia ou com opções políticas. É apenas a expressão de um sentimento antidemocrático e do desrespeito ao Estado de direito. Nós estamos falando de crimes previstos no Código Penal — afirmou.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), classificou as novas descobertas da trama golpista como “extremamente preocupantes” e defendeu que não há espaço no Brasil “para ações que atentam contra o regime democrático, e menos ainda, para quem planeja tirar a vida de quem quer que seja”.

“O grupo, segundo as investigações, tramava contra a democracia, em uma clara ação com viés ideológico”, destacou o presidente do Senado em nota divulgada ontem. “Que a investigação alcance todos os envolvidos para que sejam julgados sob o rigor da lei”, acrescentou.

Aliados de Lula também destacaram as descobertas da PF para defender que não haja anistia aos envolvidos. O ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República, disse que o plano revelado é “coisa de bandido” e que não “tem que ter anistia”.

Em nota, o Exército informou que não se manifesta sobre processos em curso, conduzidos por outros órgãos, “procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército com as demais instituições da República”.

 

Conclusão do caso

 

A expectativa entre investigadores da trama golpista é que o caso seja encerrado nos próximos dias. A conclusão da investigação já foi postergada antes após as descobertas de uma possível conexão entre os golpistas e a chamada “Abin paralela” e um suposto plano para matar autoridades.

Parte das informações sobre o plano veio de mensagens apagadas do celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. A PF considerou que ele omitiu dados de seu acordo de delação premiada, que é analisado pela Procuradoria-Geral da República. Cabe ao ministro Alexandre de Moraes a última palavra sobre a validade da colaboração.

A PF irá se debruçar nos próximos dias sobre o material apreendido ontem em endereços dos alvos. Segundo a coluna de Lauro Jardim, do GLOBO, a expectativa é que Bolsonaro seja indiciado no caso sobre o plano golpista.