Além da violência doméstica contra a mulher, que atinge três a cada dez brasileiras – de acordo com a 10ª Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher – outros tipos de violência atingem o gênero feminino, como a violência política. Para falar sobre esse tema, que precisa ser aclarado e combatido dentro da sociedade, a Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) realizou, em parceria com a Faculdade de Tecnologia e Ciências da Bahia (FATEC), o Seminário “Enfrentamento à violência política de gênero”.
O evento teve a participação de estudantes de Direito e contou com a participação, na mesa, da Dra. Lélia Maria (delegada da Delegacia Especializada da Mulher – DEAM), da vereadora Luma Menezes; da coordenadora da Patrulha Maria da Penha Priscila Ribeiro, da Dra. Emanuela Almeida, membro da Comissão de Direitos da Mulher; da perita da Polícia Civil e também professora da FATEC, Clarissa Gomes; da coordenadora do curso de Direito da FATEC prof. Dra. Vanessa Caldas e da Coordenadora de Políticas para as Mulheres da SEMAS, Rhane Paula.
“É importante a gente observar que nós temos, aqui, futuros profissionais. O comprometimento, a capacitação e a sensibilidade de vocês é fundamental para que a gente desconstrua e construa um universo melhor. Quem já cursou o Estágio Supervisionado comigo, viu as inúmeras histórias de opressão que uma mulher passa só pelo fato de ser mulher, isso no dia-a-dia, em situações comuns, em seu lar. Imagine então colocar uma mulher representante para fazer projeto de lei, para proteger o seu gênero? Ela acaba sendo desqualificada, ameaçada, excluída, por estar lutando em prol do coletivo”, salientou a professora e coordenadora do curso de Direito da FATEC.
Para a professora Clarissa Gomes, perita da Polícia Civil, a origem da violência política de gênero reside no machismo, “muito embora nós já tenhamos conquistado alguns espaços. Por falar nisso, além de professora, eu também sou perita da Polícia Civil. Nessas corporações, nós somos minoria e o ambiente é extremamente masculinizado, no qual convivemos com falas machistas ao longo do tempo e vamos naturalizando isso. Estamos aqui pra mostrar que não precisamos mais naturalizar esse tipo de violência!”.
Rhane Paula citou a Lei Municipal 2.540 de 2021, a Lei Marielle Franco, ” para pensar, repensar e dialogar sobre as questões de violência que a mulher sofre no campo político, e trazer novas perspectivas para incentivar uma maior ocupação das mulheres na política”. O desafio diário desse tipo de violência foi abordado pela vereadora Luma Menezes, sob os olhares e ouvidos atentos do estudantes de Direito, que também puderam interagir e colocar questões aos presentes na mesa.
As ações do Março Mulher continuam ao longo do mês, nas unidades do Sistema Único de Assistência Social e em Unidades de Saúde da Família, tendo já passado por escolas públicas do município.
Fotos: Roberto Fonseca