Qual poder das facções que Equador classifica como 'organizações terroristas'
A crise de segurança no Equador se agravou nesta semana e chegou até mesmo a ser transmitida para todo o país pela televisão: um grupo de homens armados e encapuzados invadiu na terça-feira (9/1) o estúdio da emissora TC de Guayaquil e ameaçou jornalistas e apresentadores ao vivo.
11/01/2024 09h28
Por: RedaçãoFonte: BBC
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A crise de segurança no Equador se agravou nesta semana e chegou até mesmo a ser transmitida para todo o país pela televisão: um grupo de homens armados e encapuzados invadiu na terça-feira (9/1) o estúdio da emissora TC de Guayaquil e ameaçou jornalistas e apresentadores ao vivo.
A imagem de jornalistas e funcionários do canal com armas apontadas às suas cabeças, juntamente com o apelo do apresentador Jorge Rendón aos criminosos — que colocaram um explosivo no bolso do seu casaco — reforçaram ainda mais uma situação que vinha se deteriorando há meses.
Na segunda-feira (8/1), o presidente do Equador, Daniel Noboa, havia declarado estado de emergência após a fuga da prisão de Adolfo Macías, conhecido como "Fito", líder da facção "Choneros".
Mas depois do ataque ao canal de televisão e a onda de violência em todo o país, o presidente precisou reagir de forma mais enérgica.
Ele anunciou na terça-feira que o Equador enfrenta "um conflito armado interno".
Noboa deu ordens ao Exército para neutralizar o que considera ser a causa da situação crítica de segurança: mais de 20 facções que o governo classifica como "organizações terroristas" de natureza transnacional.
E a origem deste conflito interno está na luta travada pelas principais facções criminosas pelo controle das lucrativas rotas do tráfico de drogas que existem no Equador.
Entre as facções estão o Los Choneros, liderados por Fito, bem como o Los Tiguerones (que se acredita serem os responsáveis pelo ataque ao canal TC em Guayaquil), o Los Lobos e o Los Lagartos.
Mas Noboa também citou outros grupos: Águilas, ÁguilasKiller, Ak47, Caballeros Oscuros, ChoneKiller, Covicheros, Cuartel de las Feas, Cubanos, Fatales, Gánster, Kater Piler, Latin Kings, Los p.27, Los Tiburones, Mafia 18, Mafia Trébol, Patrones, e R7.
Uma batalha dentro da prisão
Uma das particularidades desta luta territorial pelo controle do negócio do tráfico de drogas é que ela ocorreu a partir das prisões, de onde as facções organizam suas ações.
Embora não seja nada inédito na América Latina, o caso equatoriano é particular.
Um dos primeiros sinais de deterioração do sistema penitenciário do país ocorreu em 23 de fevereiro de 2021, quando 79 presos foram decapitados nas instalações da prisão regional de Guayas, localizada em Guayaquil.
O massacre levou organizações como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) a visitar as prisões do Equador e expressar preocupação.
"Há uma corrupção sem precedentes dentro das prisões, que responde ao abandono do sistema penitenciário pelo Estado durante anos, bem como à ausência de uma política criminal abrangente, que levou ao autogoverno", disse a CIDH em um relatório.