"Em algumas situações, a gente também não se sente atendido, então não se sente muito motivado a fazer esse tipo de relato, até porque parece que não vai dar em nada", justifica.
"Já morei em vários lugares. Antes, você escolhia as casas de acordo com a distância do trabalho. Hoje, moro em uma casa própria perto de uma estação de metrô. Levo cerca de 25 minutos até meu trabalho".
"Quando existe um mercado de trabalho com facilidades para certas ocupações que a população local não quer fazer, facilita a entrada do imigrante. Agora, quando começa a haver carestia, crise econômica e esses trabalhos começam a ser ocupados também pela população local, ou seja, pelos portugueses, então sempre passa a haver um conflito. Aquele imigrante passa a ser um sujeito indesejável, porque, naquele momento de disputa no mercado de trabalho, ele está ocupando um espaço que deve ser do nacional", diz Sarmiento sobre como o cenário político-econômico contribui para o aumento de casos de xenofobia.
"Para a gente saber se Portugal realmente vai deixar de ser um sonho para os brasileiros, é preciso ainda um tempo. As pessoas que imigram, investem suas economias de anos, muitas vezes vendem propriedades, elas reúnem muitos esforços, às vezes de uma família inteira. Então, a migração, grande parte das vezes, é um planejamento familiar, uma projeção de futuro".
"Se os Estados colocam muros, se os Estados recrudescerem as suas políticas e ecoarem isso nos meios de comunicação, é óbvio que a população vai ter medo do que vem de fora, das fronteiras", alerta.