Em um relatório divulgado na manhã desta segunda-feira (16), a ONU emitiu um alerta preocupante, indicando que mais de um milhão de palestinos foram forçados a deixar suas residências na Faixa de Gaza e agora estão deslocados por toda a região, informa Jamil Chade, do UOL. Essa situação afeta cerca de metade da população da área, resultando em uma situação que a ONU descreve como "calamitosa". A escassez de água e eletricidade é generalizada, enquanto os governos buscam soluções para permitir a entrada de assistência humanitária em Gaza. No entanto, Israel exige garantias de que essa ajuda não beneficiará o Hamas.

Essas estatísticas fazem parte de um levantamento divulgado pela UNRWA, a agência da ONU para Refugiados Palestinos. A magnitude da crise humanitária é enfatizada no alerta, ressaltando que, desde o início da crise, ocorrem cerca de onze mortes de palestinos a cada hora. "O número de mortos está aumentando. Não há sacos de cadáveres suficientes para os mortos em Gaza".

A UNRWA divulgou as seguintes constatações:

• As forças israelenses continuaram realizando intensos bombardeios contra a Faixa de Gaza, empregando ataques aéreos, navais e terrestres. Com isso, civis seguem fugindo do norte após receberem alertas das autoridades israelenses para evacuar.
• Negociações de alto nível continuaram visando permitir o acesso humanitário para que suprimentos essenciais, como alimentos, água, suprimentos médicos, combustível e itens não alimentícios, possam entrar em Gaza por meio de Rafah.
• De acordo com o Ministério da Saúde da Palestina, em nove dias, 2.329 palestinos perderam a vida em Gaza, com uma média de 259 mortes por dia ou 11 a cada hora. O número de vítimas fatais em Israel atingiu 1.300, e pelo menos 3.621 pessoas ficaram feridas. Houve a confirmação de 14 mortes de membros da equipe da UNRWA, embora seja provável que o número seja maior. Relatos confirmam que 23 instalações da UNRWA em toda a Faixa de Gaza foram afetadas devido a ataques aéreos.
• Mais de um milhão de pessoas, aproximadamente metade da população total de Gaza, foram forçadas a se deslocar. Cerca de 600.000 deslocados internos estão concentrados na Área Central, em Khan Yunis e Rafah, sendo que quase 400.000 deles estão abrigados em instalações da UNRWA, excedendo significativamente a capacidade da agência para prestar assistência de forma eficaz, incluindo abrigo, alimentos, água e apoio psicológico.
• Apesar das ordens de evacuação das forças israelenses, um número desconhecido de deslocados internos permanece nas escolas da UNRWA no norte, onde a agência não consegue mais fornecer assistência ou proteção. Essas escolas compõem 127 instalações da UNRWA no norte de Gaza e na Cidade de Gaza, com aproximadamente 170.000 deslocados internos abrigados quando as ordens de evacuação israelenses foram emitidas.
• A UNRWA em Gaza conseguiu adquirir uma quantidade limitada de água em lojas locais, porém as rações continuam restritas a um litro de água por pessoa, por dia, para as equipes da UNRWA na base logística de Rafah, abrangendo suas necessidades de consumo e outras necessidades básicas.
• O acesso à água potável em Gaza é extremamente limitado, levando as pessoas a consumirem água de poços agrícolas, o que gera sérias preocupações quanto à disseminação de doenças transmitidas pela água. Gaza sofreu a quinta interrupção consecutiva de eletricidade, levando serviços vitais, como saúde, água e saneamento, à beira do colapso, agravando a insegurança alimentar.
• A UNRWA enviou uma equipe avançada ao Egito para se preparar para a possível abertura de um corredor humanitário visando a entrega de suprimentos de ajuda humanitária à Faixa.
• Em 15 de outubro, oito centros de saúde da UNRWA em Gaza estavam operacionais, fornecendo serviços primários de saúde, mas com estoques estimados para menos de um mês.
• No total, há 3.500 leitos hospitalares em Gaza, sendo que as ordens de evacuação se aplicam a 23 hospitais em Gaza e no norte de Gaza, com uma capacidade total de 2.000 leitos.