Uma onda de saques assola as lojas e supermercados de toda a Argentina, apontando para uma crescente volatilidade no país, que enfrenta uma inflação superior a 100% e uma disputa presidencial acirrada nas eleições de outubro. Desde a cidade de Bariloche, na Patagônia, até a região vinícola de Mendoza e nos arredores da capital Buenos Aires, pequenos grupos de pessoas têm invadido estabelecimentos, roubando alimentos e outros itens, conforme relatado pela TV estatal, autoridades e testemunhas da Reuters. Até o momento, mais de 100 pessoas foram detidas em diferentes regiões em conexão com esses incidentes.
Vídeos e fotos amplamente compartilhados mostram lojas sendo invadidas e saqueadas, prateleiras vazias, pessoas tentando entrar à força nos supermercados e pequenos incêndios. A polícia foi mobilizada para proteger as lojas. O ministro da Segurança, Aníbal Fernández, destacou: "Há alguns dias temos observado esse tipo de comportamento", acrescentando que os saques parecem estar sendo coordenados. "Existe uma intenção clara de criar algum tipo de conflito, e estamos trabalhando para evitá-lo. Isso não é espontâneo, não é uma coincidência", afirmou.
A Argentina, um importante exportador mundial de cereais, está lidando com uma inflação anual alarmante de 113%, o que tem agravado a crise no custo de vida. Além disso, uma recente e acentuada desvalorização do peso argentino elevou ainda mais os preços ao consumidor neste mês. O JP Morgan prevê que a inflação atinja 190% até o final do ano.
Essa inflação galopante está adicionando pressão a uma disputa eleitoral presidencial de três vias, liderada atualmente por Javier Milei, que venceu nas primárias de agosto, derrotando a conservadora Patricia Bullrich e o ministro da Economia, Sergio Massa. Milei prometeu dolarizar a economia e, eventualmente, desmantelar o banco central, capitalizando a crescente insatisfação dos eleitores argentinos com a inflação e as crescentes dificuldades econômicas, que deixam cerca de quatro em cada 10 pessoas vivendo na pobreza. Milei comentou: "É trágico ver novamente, depois de 20 anos, as mesmas imagens de saques que vimos em 2001", referindo-se à crise econômica de duas décadas atrás, enfatizando que não apoia a violência.
Fonte: Brasil247