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Presos por aplicar golpe do 0800, 'Caçadores de dinheiro' catalogavam vítimas e utilizavam roteiro de abordagem
Presos por aplicar golpe do 0800, 'Caçadores de dinheiro' catalogavam vítimas e utilizavam roteiro de abordagem
05/04/2023 06h43 Atualizada há 2 anos
Por: Redação
Foto: Reprodução

Roteiro era utilizado para orientar os falsos operadores das instituições financeiras no contato com as vítimas

quadrilha presa por aplicar o golpe do 0800 em idosos de todo o país tinha uma espécie de catálogo, onde registravam os dados de todas as vítimas já consumadas, segundo a polícia. No documento, os criminosos inseriam nomes, telefones, quem fez contato com a vítima e qual foi o “tipo de contrato”. Na capa do livro, o título: “caçadores de dinheiro” e a logo da “Gestionale Consultoria” — nome fantasia de uma das empresas vinculadas aos golpistas, a LF Soluções Financeiras.

Além do livro de controle, o grupo também possuía um roteiro próprio, usado para orientar os falsos operadores de segurança das instituições financeiras no contato com as vítimas. Em um papel, escreviam o rumo que o diálogo deveria tomar, substituindo nomes, dados e informações pessoais por “xxxxx”.

O grupo também possuía um roteiro próprio, usado para orientar os falsos operadores de segurança — Foto: Divulgação/Polícia Civil

A Polícia Civil do Distrito Federal, em conjunto com as forças policiais do Rio de Janeiro e da Bahia, deflagrou nesta terça-feira a Operação Sísifo, com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa que se especializou em fraudes eletrônicas em todo o território nacional. Os criminosos ostentavam uma vida de luxo e festas com o dinheiro adquirido por meio de golpes telefônicos feitos com números falsos de 0800.

Cerca de 100 pessoas, geralmente idosas, foram lesadas pelo grupo. Até a tarde desta terça-feira, os agentes já tinham prendido a maioria dos suspeitos. Foram detidos Breno Nunes Maselli, de 21 anos; Felipe Barros de Carvalho Filho, de 28 anos; e Thays Vilela Coutrim, de 25 anos, que estavam no Rio, além de Luana Boaventura dos Santos Almeida, de 29 anos, em Salvador.

Breno Nunes Maselli, de 21 anos; Thays Vilela Coutrim, de 25 anos; e Felipe Barros de Carvalho Filho, de 28 anos — Foto: Divulgação/Polícia Civil

A investigação começou em julho de 2022. O grupo, composto por três homens e duas mulheres, tinha acesso a dados pessoais e financeiros das vítimas e, por meio de centrais telefônicas clandestinas instaladas em empresas de fachada, ligavam para elas se passando por funcionários da área de segurança da instituição financeira na qual tinham conta.

Os suspeitos diziam que as conta bancárias das vítimas estavam sob suspeita de fraude, e pediam que elas os enviassem documentos pessoais e selfies, alegando que seria aberta uma nova conta para onde deveriam transferir o dinheiro da “conta antiga”.

Delegado da 38ª DP do Distrito Federal, João Ataliba Neto explicou que as vítimas, por fim, transferiam todo o dinheiro para a nova conta. Dali, a quadrilha pegava o dinheiro e transferia novamente, dessa vez para as contas bancárias das empresas de fachada. Por efetuarem ligações com números falsos de 0800 e terem informações precisas, eles não levantavam desconfiança.

— Após serem abertas as novas contas, os autores solicitavam a realização das transferências dos valores e, como as contas estavam sob a titularidade das vítimas, elas acabavam por transferir todos os valores. No caso investigado pela 38ª DP, a vítima, um idoso, de 72 anos, transferiu a quantia aproximada de R$ 180 mil, após ter sido enganado pela organização criminosa — explica o delegado.

Os criminosos ostentavam uma vida de luxo e festas com o dinheiro adquirido através dos golpes, e cerca de 100 pessoas, geralmente idosos, foram lesadas pelo grupo. — Foto: Divulgação/Polícia Civil

A polícia identificou quatro empresas envolvidas na ação dos criminosos: Simplifica Consultoria, Lua Serviços, Vilela Princess Comércio de Roupas Ltda e LF Soluções Financeiras, e já bloqueou R$ 127 mil das contas dessas empresas. Além de fazerem viagens nacionais e internacionais, os suspeitos participavam de festas badaladas e outros eventos em comunidades do Rio de Janeiro. Eles também adquiriram diversos bens luxuosos com o dinheiro dos golpes.

Os investigados responderão pelos crimes de fraude eletrônica, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Caso condenados, por cada crime de estelionato praticado contra idosos, os autores estarão sujeitos a uma pena que pode chegar a 10 anos de prisão. Já pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa, podem chegar a 13 anos de prisão.

Fonte: O Globo