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Quadrilha alvo da PF usou voo comercial para transportar ouro ilegal do território Yanomami, apontam investigações
Quadrilha alvo da PF usou voo comercial para transportar ouro ilegal do território Yanomami, apontam investigações
15/02/2023 08h39 Atualizada há 2 anos
Por: Redação
Foto: Reprodução

Grupo entrava com ouro ilegal de garimpo com ajuda de funcionário terceirizado do aeroporto. Ele também foi servidor na Secretaria Estadual do Índio. PF investiga empresários, advogados e ex-servidor da prefeitura de Boa Vista por envolvimento no esquema criminoso. Em nota, governo disse que o investigado "não compõe o quadro de servidores" da secretaria.

quadrilha investigada pelo comércio ilegal de ouro extraído da Terra Yanomami transportou o minério em voos comerciais de Boa Vista para São Paulo, segundo a Polícia Federal. O grupo embarcava ilegalmente com o ouro com a ajuda de um funcionário de uma empresa terceirizada que atuava no Aeroporto Internacional da capital de Roraima.

Segundo o g1 apurou, o funcionário é Cleuvio Esdras Castro Queiroz. Ele trabalhava, à época das investigações, em 2019, como terceirizado no aeroporto de Boa Vista pela empresa R M Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo Ltda. A empresa foi procurada por e-mail, mas não respondeu até publicação desta reportagem e não atendeu as ligações via telefone.

Cleuvio já foi servidor comissionado do governo de Roraima na Secretaria do Índio, de novembro de 2021 a fevereiro de 2022. Ele foi nomeado e, depois, exonerado pelo governador Antonio Denarium (Progressistas). Em nota, o governo do estado disse apenas que o investigado "não compõe o quadro de servidores" da secretaria.

Cleuvio Esdras foi alvo de busca e apreensão nesta terça-feira (13). O g1 tenta contato com ele. A administração do Aeroporto Internacional de Boa Vista também foi procurada, mas não respondeu até a publicação.

De acordo com apuração do g1, Queiroz era quem facilitava a logística dos criminosos, apoiando no embarque com ouro ilegal em voos comerciais. Ele tinha contato com Robson Barradas de Souza, apontado como responsável pelas negociações para compra e venda de ouro de origem clandestina.

O transporte de ouro, segundo informações obtidas pela reportagem, era feito sempre no voo 5067, da Azul, que decola de Boa Vista às 13h10 com destino ao aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), com escala em Manaus (AM). Procurada, a companhia aérea ainda não se manifestou sobre o assunto.

Em abril de 2019, Robson foi preso com R$ 4,6 milhões em espécie quando seguia de Cáceres (MT) para Boa Vista, onde tinha a intenção de comprar terras, ouro e caminhonetes para revenda.

Foi a partir da prisão de Robson que a PF passou a identificar e investigar os demais integrantes da organização. O g1 apurou que a organização criminosa movimentou R$ 422 milhões em cinco anos. Os valores eram movimentados por meio de empresas de fachada, que funcionavam como laranjas do esquema criminoso.

Operação contra esquema criminoso

 

Na ação da Polícia Federal desta terça-feira (14), foram expedidos 16 mandados de busca e apreensão contra os suspeitos de integrar a quadrilha envolvida na compra de ouro extraído ilegalmente da Terra Indígena Yanomami. Foram cumpridos 13. Os demais não foram encontrados ou os endereços já não tinham mais relação com eles. Também foram determinados bloqueios de bens de investigados.

Os mandados foram expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal em Roraima e são cumpridos em Goiás, São Paulo e Roraima. Entre os investigados na operação estão empresários e advogados. Uma empresa é investigada por envolvimento com uma carga de 111 kg de ouro apreendida em um avião em Goiânia (GO), em 2019.

Fonte: G1